sexta-feira, 19 de janeiro de 2018

DEVANEIOS-DE A NOIVA DO TEMPO / DE ONTEM E DE HOJE (190215) (080415

ATENÇÃO: AO FIM DE CADA PARÁGRAFO (SÃO 2), DE "A NOIVA DO TEMPO", CLIQUEM TANTAS VEZES, ATÉ QUE O TEXTO EM PRETO FIQUE AZUL.

quarta-feira, 8 de abril de 2015


DEVANEIOS - DE "A NOIVA DO TEMPO" (080415)

A PEDRA DA APERTADA  HORA - URUBURETAMA-CE-DE ALTAIR ANDRADE CRUZ

Sabe por que a gente manga das moças enfeitadas demais? É porque lá na serra de Uruburetama entre vales,  num lugar chamado Apertado da Hora tinha uma casinha bem pichototinha de taipa onde morava Raimunda. Os de casa chamavam ela de Mundinha. Os cabelos de Mundinha eram bem compridos e louros como os "caroço" do milho. Seu semblante era doce e suave igual como o aluá pras festa e feito os bolinho pé-de-moleque com cravo e canela. Ela  tinha na cara muita espinha carnal também apelidada de  carnegão. Isso tirava toda a lindeza da cara dela e nem deixava ser bonito o verde dos seus olhos, fundos como as águas do rio Mundaú. Quando o dia raiava, todas as madrugadinhas, o seu pai, a sua mãe e os seus doze irmãos grandes e pequenos saiam para os roçados e Mundinha ficava sozinha em casa cozinhando o feijão na panela de barro, para comerem de noite. Quando o feijão cheirava dizendo que tava pronto, ela puxava a lenha e deixava só as cinzas dormindo, para economizar. Depois ia para a janelinha a tarde toda e ficava escutando o zum-zum-zum dos maribondos. Olhava as nuvens branquinhas como capuchos de algodão, olhava o caminhozinho rente à cerca, e, um dia imaginou que nele, no caminho, chegava um rapaz muito bonito. Imaginou uma roupa para ele – de soldado como a lá do cabo do povoado, uma roupa de soldado de São Jorge da lua, pra ele, porque não queria que o moço fosse um matuto vaqueiro ou "pissuidor" só de um roçado. E imaginou a cara dele morena do sol, limpinha, de cabelo louro debaixo do "bonel" de militar, de olhos verdes e grandes como o rio Mundaú. Uma cara parecida com a dela mesma, mas, diferente. Foi uma tarde que Mundinha nunca mais esqueceu. De noitinha chegaram seu pai, sua mãe e seus doze irmãos grandes e pequenos e comeram o feijão. Estava muito bom.

E Mundinha todas as manhãs ficava cozinhando o feijão, puxava a lenha grande e deixava só as cinzas dormindo, para economizar, depois, penteava os longos cabelos e os enfeitava com uma flor chanana e ia para o meio do terreiro e ficava em pé esperando pisar em cima da própria sombra. Era  meio dia em ponto, igual com a cantiga do galo “essa é a hoooora” e o "rincho" “aeiouuuuuu- uuuuuu”  do jumento, (também chamado jegue, jerico, asno). E todos ‘os meio do dia’ o soldado de São Jorge da lua chegava para conversar com ela até de noitinha. Com o tempo o povo começou a chamar Mundinha de “A Noiva do Tempo”.

(JOSÉ MAURO DE VASCONCELOS)
(...) Sentei perto do meu irmãozinho e falei com calma.
- ‘Péra’ aí que eu vou pensar um brinquedo.
Mas, logo a fada da inocência passou voando numa nuvem branca que agitou as folhas das árvores, os capinzais do valão e as folhas de Xururuca. Um sorriso iluminou meu rosto maltratado.
- Foi você quem fez isso, Minguinho?
- Eu, não.
- Ah que beleza, então é o tempo do vento que está chegando.
Na nossa rua havia tempo de tudo. Tempo de bola de gude. Tempo de pião. Tempo de colecionar figurinhas de artistas de cinema. Tempo de papagaio, o mais bonito de todos os tempos. Os céus ficavam por todos os lados repletos de papagaios de todas as cores. Papagaios lindos de todos os feitios. Era a guerra no ar. As cabeçadas, as lutas, as laçadas e os cortes.

As giletes cortavam as linhas e lá vinha um papagaio rodopiando no espaço embaraçando a linha do cabresto com a cauda sem equilíbrio; era lindo tudo aquilo. O mundo se tornava só das crianças da rua. De todas as ruas de Bangu. (...)

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2015


DEVANEIOS - DE ONTEM E DE HOJE

Tenho Cara De Antigamente, Quando Isonomia Do Tempo Nunca Existiu
O TEMPO COBRA PEDÁGIOS
Palestino Miscigenado E Infeliz
Está dito, o ontem e o hoje não são iguais.  Você vê o preço dos pedágios pagos nos outros, use um espelho e veja o que os outros vêem em você.  Na estrada da vida você passa de um recém-nato pra um infante, pra uma criança em desenvolvimento, pra pré-adolescente, pra adolescente, pra jovem, pra adulto, pra jovem-senhor, pra senhor-maduro, pra idoso, pra senil, pra demente e depois fenece.  Você passa por todas as dependências, pela idade dos músculos de Adonis, pela idade da gordura, pelo desabar da consistência da beleza, pelo começo da feiurice (onde deve ter dignidade), entra pelo começo da senectude, recebe os primeiros impedimentos físicos, o devagar, a leniência, o cansaço e o fim.  Você se percebe á cada dez anos um mesmo ser, mas diferente, fisicamente e até moralmente, com troca de conceitos.  Enquanto isso, Cronus, o Deus Tempo, não assume responsabilidade nisso; ele sisudo, com um pequeno ventre se exibindo, presente à beira da estrada à cada 150mts, sendo o mesmo, só como observador dessas mudanças que significam os pedágios que inexorável a vida cobra.  Você também quer cobrar?  Se vexe não, a vida não é de graça, você paga, sem recurso, um tanto de cada vez.  Comporte-se, não se faça ridículo, nisto consiste a dignidade; o velho e corroído corpo morre, mas a verdadeira vida está na alma que apartada de quem conduzia, reporta à origem, como Espírito, para todo o sempre.

Lengo-lengo, tengo-tengo, nesse compasso metálico seu Espírito adota seu próprio comando, nu daquela carapaça, prestando conas ao Criador do que fez dos seus talentos e sabendo naquela hora, do seu débito ou crédito.

Você há de se lembrar nesse momento do quanto fez ou não para querer segurar à pau e fogo, a tal 
juventude como se fosse ali o maior bem.  Do papel ridículo de artificialismos,com seus riscos, que usou ou não.  Pagou estágios antes?  Veja agora o que ainda há de pagar, podendo excluir essa possibilidade conforme tenha usado sua responsabilidade, e ver-se de repente como um Espírito rico de dotes na economia Divina.  No sidério receberá mais responsabilidades, e quanto mais receber, mais feliz se sentirá.

Na terra o que lhe diz respeito é singular, é indivisível, é só seu.  A religião é coisa fisiológica introjetada na alma de cada nascente, a tendência ao Deus é magnética.  Nunca se deve prender à líderes  que no púlpito de uma congregação simulam um poder que não têm e que muita vez usa aquele pódio para gerir sua qualidade de empreendedor, pecado dos pecados. 
EESPÍRITO LISO, ESPÍRITO FELIZ