Tenho Cara De Antigamente, Quando Pásárgada Nem Existia Mas Eu Era Amigo Do Rei
VOU TER A MULHER QUE QUERO, NA CAMA QUE ESCOLHEREI
O Amor É Lindo
"Vou-me embora pra Pasárgada, lá sou amigo do Rei, terei a mulher que quero, na cama que escolherei". Lá na Pérsia antiga, no tempo do Rei Ciro. Antes de Ester existir, antes mesmo que Vasti. Que me desculpe o Bandeira, mas vosso poema é muito bonito e não resisti à tentação de saboreá-lo. Assim foi e assim é. Não te pago direitos e ainda te roubo a mulher. Quem não tem cão caça com gato mesmo e a vontade de poetar cabe na cabeça do mundo inteiro e nunca alguém foi preso por causa dessa artimanha.
(Caravaggio)-Narciso
Era uma vez a ninfa Liríope que foi arrebatada pelo Deus-Rio Cefiso, na Beócia, Grécia antiga, engravidou, sofreu e deu à luz Narciso, o mais belo jovem das redondezas, que seduzia homens e mulheres mas não lhes dava confiança. Seus pais consultaram o cego-adivinho Tirésias sobre a longevidade do Narciso e foram admoestados que ele viveria até o dia em que visse a própria face. A ninfa caçadora, amiga de Diana, chamada Eco, teve uma paixão endoidecente pelo marmanjo mas fora recomendada por Zeus, Deus do Olimpo, para entreter Hera, com seus cantos e contos.
Narciso, certo dia mirou-se numa fonte, apaixonou-se por si próprio, definhou e morreu e Afrodite, Deusa da Beleza transformou-o numa rocha. Hera, mulher e mãe de Zeus, o Rei do Céu, desconfiou da trama do galinha do marido com a ninfa para prender-lhe a atenção e deixá-lo solto. Castigou a pobrezinha da Eco que dai por diante só poderia repetir a ultima palavra do que lhe fosse perguntado e deu-lhe um ponta-pé no traseiro e ela passou nove dias caindo até chegar no Rio Cefiso e gritava por Narciso e ouvia a resposta dos montes: "eco, eco, eco...",
Assim misturamos Pasárgada com Manoel Bandeira e lhes demos os "tags" Narciso, Eco, Céfiso, Liríope, Tirésias, Zeus e Hera. Que belo embrulho, que bela história. Prêmios e castigos, mentiras e verdades, ilusões e erotismo, toda a carga volátil que entrete a visão humana do que é a vida. Vida longa, vida curta, lembranças em ecos, imobilidade como rocha, beleza assassina, ansiedade, desejos inúteis, futilidades, no rastro de tênue fumaça que leva ao nada, que descobre a naditude de devaneios e divagações, lorotas e chulices, seriedez e gravidade.
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