terça-feira, 13 de maio de 2014

DEVANEIOS - DE DEUS AR (130514)

Rua do Padre Inglês-Recife, em 1954 - D. Tude, minha querida Mãe;  eu, soldado da Aeronãutica, aos 19 anos;  Pr. Lívio Lindoso, homem reto, meu Pai.
Há 57a.

Tenho cara de antigamente;  sou do tempo em que quando se terminava uma frase, gritava-se "pronto"

AO SE POUPAR UM LOBO, SACRIFICA-SE UMA OVELHA

Deus se manifesta aqui neste Planeta através dos quatro Elementais, o Ar, a Terra, o Fogo e a Água, ora isoladamente, ora entremetidos

AR

O Ar vem bem devagarinho, é uma brisa branda, pequena, morna e brincalhona como é toda criança;  e na Caiçara, próxima ao mar, no chão de terra dura forrada de areia frouxa, esse vento-manso faz redemoinho levantando em cone e em círculos aquela porção branca e brilhante para deixar depois desabar-se nessa graça sem fim que é o bom-humor de Deus.  A criança ri e sacode a cabeça, feliz com aquele brinquedo.  O vento foge e ela o observa bulindo com uma trepadeira pendurada numa janela, verde e incandescente como se tivesse molhada;  balança-se alegremente pra lá e pra cá ante os afagos de Deus.  Sobe nos cajueiros e nessa agitação o perfume intenso dos frutos ora vermelhos, ora amarelos, de cores fixas e chamativas, o Criador assobia levemente a cada passagem;  sobe, e nas árvores maiores parece que tremelejam cabeleiras fartas na alegria de uma dança;  vai adiante e quase faz vergar um coqueiro de mais de 30 metros;  o menino fica estático. mas as raízes profundas daquele gigante se arremete em contrário dando gargalhadas para o Pai;  é nesse jogo que em sua invisíveis artérias é ejetada para cima a água misteriosa que todo coco tem.  O irmão de João, mais taludinho, passa por ele e afaga-lhe a cabecinha trelosa e com duas redomas de cordas, uma em cada perna e um facão afiado atravessado atrás das costas, na cinta das calças rotas, sobe numa agilidade de gato a altura desafiante do coqueiral.  Lá de cima desova a árvore;  depois corta rente uma palha enorme e coloca o cabo sob o sovaco;  repete a ação e colhe uma segunda folha enorme e em seguida, como se tivesse asas joga-se do alto e vem planando em volteios até o chão.  Seu irmãozinho o adora, sofre mas confia no seu herói voador.

O vento entra no mar como se estivesse passando um pente sobre as águas que subiam e desciam num cambiante verde e azul polvilhados de bolinhas brancas de sal.  O Príncipe Namor e o João seguiram o vento e também jogaram-se nas águas mergulhando em baixo de uma seguinte onda;  dominavam tudo, estavam em casa, e Deus ria e eles riam;  eram a unção de uma família de Divinos.  Eram o João, o Namor, os Ventos, as Águas, a Terra e o Sol similando o Fogo;  Era o Pai Celeste indiciado nos seus quatro elementos e a companhia de um menino e um rapaz, seus filhos prediletos.

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