Tenho Cara de Antigamente, Quando Curtir O Passado Era Passar à Limpo O Que Passou
NÃO SE PODE APAGAR O QUE FOI FEITO, MAS IMPEDIR, PODE
Lembra-se desse? Nem eu
segunda-feira, 26 de outubro de 2015
DEVANEIOS - DE CORETO E DE RETRETA
Tenho Cara de Antigamente, Quando BoAcadim Podia Ser Tiquim
QUANDO EU FALAVA VOCÊ FICAVA: NEM, NEM...
Que Pintura
1920, tempo das melindrosas, dos rapazes enchapelados e de jaquetão branco, começo do século 20 e em Recife na Rua Nova a Sapataria Clark e Lojas Sloper mandando na moda das senhoritas e da rapaziada. Bico fino em sapato masculino era blasfêmia; reinava a naturalidade do bico quase quadrado, respeitando a anatomia de um pé de verdade, de couro macio preto ou marrom ou um bicolor com branco; meias nestas três cores, de marca Lupo, que até hoje existem. Os vestidos de cor escura, manga comprida e cintura pouco acima dos joelhos. Eram o chique.
Água de Colônia Inglesa Atkinsons para as senhorinhas que só passeavam em grupo fazendo corpo e coreografia nas ruas da Imperatriz e na Pracinha do Diário. Era uma fila de braços dados como mandava o modismo e ai de quem tentasse quebrar aquele uso. À tarde no entrante da noite, aos sábados e nos domingos, onde tinha coreto, havia retreta. A música corria por conta da banda da Polícia Militar e eram valsas dolentes, algum foxtrot ou uma chorosa história de amor. A mulherada com apenas os olhos inquietos, não paravam de andar com suas saias voejantes.
O carnaval com marchinhas disfarçando namoricos; elas, sempre com um lenço em volta de um lança-perfume Rodouro e as meninadas nas margens das duas calçadas jogando serpentina e confete em quem passava. Apareciam, ocasionalmente, blocos de sujos, ora bandas mal ajambradas mas como zoadas parecendo músicas, enfim, a carne é que mandava, não importava muito a perfeição das coisas, bastava o respeito. Ô balancê, balançá. Só não pode é ficar paradão. Passa um mascarado, falando fino no seu disfarce: Você me conhece? Mas que leseira mais lesa.
Mas eu vou no passado, gosto do passado e me agarro no passado. No passado não pode passar a mão onde não deve. O busto da mulher não pode insultar o peito do homem, só de vez em quando e sem querer; digo logo, sem querer. Ela ricocheteia, dá nó nas pernas, roda que nem uma cabrita, o suor desce desembandeirado, a saia estremece, levanta só um pouquinho e cai e continua rodando. É assim que Deus quer; parece que é , mas não é. Se você quiser cair em pecado, que vá pra outro terreiro. Aqui não é o céu mas é lugar de louvar. Se estremilique mas não se lambuze. Amém.
O carnaval com marchinhas disfarçando namoricos; elas, sempre com um lenço em volta de um lança-perfume Rodouro e as meninadas nas margens das duas calçadas jogando serpentina e confete em quem passava. Apareciam, ocasionalmente, blocos de sujos, ora bandas mal ajambradas mas como zoadas parecendo músicas, enfim, a carne é que mandava, não importava muito a perfeição das coisas, bastava o respeito. Ô balancê, balançá. Só não pode é ficar paradão. Passa um mascarado, falando fino no seu disfarce: Você me conhece? Mas que leseira mais lesa.
Mas eu vou no passado, gosto do passado e me agarro no passado. No passado não pode passar a mão onde não deve. O busto da mulher não pode insultar o peito do homem, só de vez em quando e sem querer; digo logo, sem querer. Ela ricocheteia, dá nó nas pernas, roda que nem uma cabrita, o suor desce desembandeirado, a saia estremece, levanta só um pouquinho e cai e continua rodando. É assim que Deus quer; parece que é , mas não é. Se você quiser cair em pecado, que vá pra outro terreiro. Aqui não é o céu mas é lugar de louvar. Se estremilique mas não se lambuze. Amém.
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