quarta-feira, 26 de outubro de 2016

DEVANEIOS - DE CORETO E DE RETRETA (221015)

Tenho Cara de Antigamente, Quando Curtir O Passado Era Passar à Limpo O Que Passou
NÃO SE PODE APAGAR O QUE FOI FEITO, MAS IMPEDIR, PODE
Lembra-se desse?  Nem eu

segunda-feira, 26 de outubro de 2015


DEVANEIOS - DE CORETO E DE RETRETA

Tenho Cara de Antigamente, Quando BoAcadim Podia Ser Tiquim
QUANDO EU FALAVA VOCÊ FICAVA:  NEM, NEM...

Que Pintura

1920, tempo das melindrosas, dos rapazes enchapelados e de jaquetão branco, começo do século 20 e em Recife na Rua Nova a Sapataria Clark e  Lojas Sloper mandando na moda das senhoritas e da rapaziada.  Bico fino em sapato masculino era blasfêmia;  reinava a naturalidade do bico quase quadrado, respeitando a anatomia de um pé de verdade, de couro macio preto ou marrom ou um bicolor com branco;  meias nestas três cores, de marca Lupo, que até hoje existem.  Os vestidos de cor escura, manga comprida e cintura pouco acima dos joelhos. Eram o chique.

Água de Colônia Inglesa Atkinsons para as senhorinhas que só passeavam em grupo fazendo corpo e coreografia nas ruas da Imperatriz e na Pracinha do Diário.  Era uma fila de braços dados como mandava o modismo e ai de quem tentasse quebrar aquele uso.  À  tarde no entrante da noite, aos sábados e nos  domingos, onde tinha coreto, havia retreta.  A música corria por conta da banda da Polícia Militar e eram valsas dolentes, algum foxtrot ou uma chorosa história de amor.  A mulherada com apenas os olhos inquietos, não paravam de andar com suas saias voejantes.

O carnaval com marchinhas disfarçando namoricos;  elas, sempre com um lenço em  volta de um lança-perfume Rodouro e as meninadas nas margens das duas calçadas jogando serpentina e confete em quem passava.  Apareciam, ocasionalmente, blocos de sujos, ora bandas mal ajambradas mas como zoadas parecendo músicas, enfim, a carne é que mandava, não importava muito a perfeição das coisas, bastava o respeito.  Ô balancê, balançá.  Só não pode é ficar paradão.  Passa um mascarado, falando fino no seu disfarce:  Você me conhece?  Mas que leseira mais lesa.

Mas eu vou no passado, gosto do passado e me agarro no passado.   No passado não pode passar a mão onde não deve.  O busto da mulher não pode insultar o peito do homem, só de vez em quando e sem querer;  digo logo, sem querer.  Ela ricocheteia, dá nó nas pernas, roda que nem uma cabrita, o suor desce desembandeirado, a saia estremece, levanta só um pouquinho e cai e continua rodando.  É assim que Deus quer;  parece que é , mas não é.  Se você quiser cair em pecado, que vá pra outro terreiro.  Aqui não é o céu mas é lugar de louvar. Se estremilique  mas não se lambuze. Amém.







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