Tenho cara de antigamente, sou do tempo em que o broto dava um rodopio, se aprovava e dizia, vou pra festa, vou abafar
Chorou, nasceu e dai por diante a cada minuto se vê o processo de envelhecimento. Desejável para o enriquecimento da beleza. Colágeno e elastina em exagero, um desperdício. Se encosta o indicador na bochecha de um neném, ele desce e sobe imediatamente, não é maravilhoso? E se sucede a magia de se envelhecer com tolerância e com ganhos. Primeira infância, balbucios, tropeços, tudo é graça. E vai... criança criando autonomia, sem falar mas já dizendo não quero. Apesar das teimosias, a ternura e a inocência permanecem, ainda. Pré-adolescência, emburrecência a seguir. Moçoila, rapazote, projetos de adultos, projeto de seios e voz recalcitrante entre o tenor e o contralto. Duas figurinhas frangoletes, feiurinhas mas acenando progressos. Primeira calça-comprida, quem não se lembra, e o primeiro sutiã? Ambos se riem de si mesmos. Sentem coisas estranhas. e perguntar à quem? A donzelinha se firma antes do machinho ameninado. Ela ganha graças com cabelos fartos ora à direita, ora à esquerda, e faz mil arranjos quadrejando um rostinho hostil; despreza os parceirinhos com quem se desenvolveram juntos e lampeja olhares para os já mais encorpadinhos, despertando ciumes e às vezes agressões dos seus antigos desejáveis. E assim a vida e os mistérios vão se firmando, são jovens, são moços já com corpos firmados e supondo belas mulheres e belos homens. São vintanos, são adultos de corpo mas incompletos de espírito. Claudicantes, românticos e aquém do que é real. São exibicionistas, são imaturos, mas avançam mar a dentro desafiando encontros bélicos, se machucando, sofrendo, chorando e se calejando de vida, vida que não oferece moleza; ora dói, mas doer é bom. Vai-se subindo o morro; vinte e cinco anos são já passados, vinte e seis, e sete e de repente, trintanos, com um começo de aspereza. Estão na coroa do monte e Balzac que deu nome à essa idade, diz dela que a mulher está formada, no ápice de sua sexualidade, e que qualquer galito, dela não dará conta; tem que ser macho de crista grande, vermelha e forte, pra domar a mulher adulta e cheia de armas escondidas e traiçoeiras. Domada ela, ele Senhor, par perfeito até, e quem sabe? Veja adiante.
A curva malvada em descenso está começando, ativamente e inexorável, o que era belo vai recebendo pequenos sinais de regressos. Marcas de impressão , guerras do do passado.
A JUVENTUDE TEM TEMPO DE VALIDADE, NÃO SE PRENDE EM GAIOLAS
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