terça-feira, 15 de abril de 2014

DEVANEIOS -DE FOR ALL - COM JOSÉ WILKER (2)

FOR ALL - O TRAMPOLIM PARA A VITÓRIA
Anteriormente, discorri sobre esse tema a partir do filme acima;  agora componho uma memória dos mesmos fatos vistos por mim aos nove anos de idade, em Recife.  A mesma referência à "sopa" (ônibus) citado em Natal, eu vi em Olinda, no baixo da rua do Amparo, quase ao romper do dia, quando os que esperavam a saída desse transporte, tomavam a sopa quente que deu nome ao veiculo.  Era uma peça grande com uma única porta de entrada e por fora, atrás, uma escada colada que subia até o teto todo murado com esteios de ferro para as bagagens dos passageiros.  Nada romântico.

Era guerra e no entardecer, já aprendêramos a nova palavra (blecaute), que era todas as lâmpadas das praças e dos postes na orla marítima que tinham as bandas voltadas para o mar pintadas de preto.  I   sto dito, vamos para as mudanças verdadeiras e chamativas;  o mundão de marinheiros americanos que inundaram o Recife;  não havia soldados, como em Natal.  A farda branca e aquela cobertura redonda sujas por se sentarem no chão, bêbedos e mariscados de batom que era a marca do carnaval, na terra.  Eles eram atrevidos e soberbos como se fossem seres superiores invadindo uma província subalterna.  Não sei se desciam à pé ou de ônibus ou de bonde, do Savoy (bar em calçada), passando pela rua do Hospício, Faculdade de Direito, Soledade, Parque Amorim onde morávamos, e num sábado à noite, entraram de roldão no Clube Português onde havia um baile de formatura de universitários em trajes de gala.  Os estudantes e seus convidados os enfrentaram em demasiada desigualdade física, e de nossa casa ouvíamos o charivari.  Devemos ressaltar a modernidade e o poder desse país coator.  Seus vasos de guerra e eram muitos, ancorados no porto, após a Ponte Velha, em plena zona de prostituição, levava consigo bandas de música para os "for all", como policiais, marinheiros parrudos com uma faixa no braço com a sigla "MP" e desembarcavam jeeps e iam ao encontro dos seus meninos enfezados.  Era de supor que tinham prisões nos navios(?), mas nunca consegui entender como cinco PMs podiam carregar, um  que fosse e em que espaço!  Eis o mistério.

Uma "chegada" paraibana do interior, rica e falsa loura, boinitíssima e inteligente, hospedou-se por poucos dias conosco, depois de uma ginástica arrepiante, quase juntando a cabeça aos pés, derramando uma meia garrafa de água oxigenada nos cabelos e se tornando airosa e arrebatadora nos espaços do CAB(Colégio Americano Batista).  Tinha como colega e amiga a filha do Diretor do Colégio Presbiteriano Agnes Erskine que namorava com o seu irmão;  o irmão da morena era meu colega e num futuro próximo, dos primeiros pilotos da novíssima Varig.  A loira americanizada frequentava a "Bible Class" e descobriu uma tal (ACM) Associação Cristã de Moças, tipo albergue, existente em  todo o mundo, acho que até hoje.  Pra lá foi morar, com liberdade, e frequentava o USO, em BoaViagem,   aquele Clube que os americanos montam em todos os lugares onde suas tropas pousam.  Aos domingos, no "for all", no Jardim Botânico em Dois Irmãos, lá estava ela, e o irmão pra lá se mandou, e a volta em sopapos foi dramática.  Mais tarde alguns anos, no segundo ano de medicina, coisa raríssima para mulheres no Brasil, só falava-se em (Ézie, pronuncia de Az), seu noivo, o Azevedo, sub-oficial de submarino, filho de português com inglesa e cidadão americano, foi-se e fez-se a troca de uma médica por uma doméstica e nova cidadã americana.  Fizeram o périplo tão  conhecido por brasileiros, de Orlando, Miami, as duas Virgínias, New York e Massachusetts.

Antes, perambulou pela ONU como tradutora.  Fez o mesmo percurso que um ancestral seu, Artur Coelho, nordestino embarcado pros "States" como tradutor e fazedor de legendas dos filmes da Paramont.  Notaram a profusão de siglas, nesse texto?, novo invento abrasileirado.

Como isto está ficando longo, vos prometo um terceiro "round"





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