terça-feira, 27 de setembro de 2016

DEVANEIOS - DE A VOZ (140713)(260714)

domingo, 14 de julho de 2013

DEVANEIOS -DE A VOZ(140713) (260714)

    Nos tempos do Rádio a voz era apreciada por seu valor;  O dono da voz tinha sua imagem acoplada à mesma depois de vista em jornais e não alterava em nada a impressão anterior.  Maldita Televisão que alterou totalmente este acordo.  Foi inventada a carnavalização e o espetáculo que anulariam o valor da voz.  Penduricalhos, gestos, cores, empostações destruíram o enlevo, o aconchego, o vibrato e o dom que são a magia do som.  A partir daí tudo que não fosse som era o mais importante. O prato feito substituiu o exercício da imaginação.  As músicas de Carnaval, de São João, de Natal,  eram lançadas seis meses antes do evento e quando estes chegavam elas já estavam prontinhas na memória do Brasil inteiro. Que maravilha.  Hoje só um baile de requien é o que merece os estragos que este instrumento da modernidade  causou de modo irreversível aos saudosistas.  Não tem conserto, não tem retrocesso.  Nos anos oitenta foram apresentadas as últimas baladas, as últimas harmonias com sua marcação compassada, com letras líricas, com inteligibilidade de poesia.  Substitutos?  As baterias, sinônimo de zoada, as guitarras para competir com elas e estraçalhar os nervos dos bons ouvintes, e o zabumba ensurdecedor.  E chamar isso de música?!  Adeus, ades, adeus.

Tenho Cara De Antigamente, Quando A Voz Era Absoluta
ABRIA MÃO DE IMAGEM
Trolebus
    
    Que venha os funks e seus acólitos, uma zoeira gritante que só exige garganta, não tem ondeios, parece uma conversa cuspida, é irritante e de tão ruim, até atrai sangue, bofetadas, abufelos, parece um rinque de luta, se se entender a fala, ouve-se chulices, é na verdade um convites a coisa chãs.  E os gestos obscenos que excluem a ternura e o encontro de pares para namorar?  O encontro que há é um encontro animal, por causa das "poiquerias" que se ouvem, com risotas, empurrões, dedos e mãos atuando numa imoralidade suja e mal cheirosa.  Preparem o féretro para essa imundície.

    "Quanto riso, quanta alegria", Olha pro céu meu amor, As Pastorinhas, Carnaval, Junho, Autos de Natal, tudo sepultado por causa da invenção da maldita televisão.  Evolaram-se as canções ritmadas, dois corpos colados volteando num bolero, os cheiros do outro tão perto, uma brisa no calor do rosto, tudo isso perdido.  Quanto vale a bagunça de um furdunço, o fervor de uma droga assassina?  O ricocheteio suarento o vale mais que um suave bate-coxa bem comportado e consentido?  Vade retro satanás.

    Aceitem meu protesto e tragam-me de volta o que me roubaram.  Trinta anos de prisão para quem pariu tão feio parto.  Que fique sem água e sem mingau, sem roupa, num chão frio, para sentir quão feio foi a sua atitude leviana de trocar uma sonoridade sonhadora por um batuque infame de senzala.  Forca, guilhotina pra você, asno sem rabo, sem focinho e sem embornal.

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