Tenho Cara De Antigamente, Quando Bom-Bom Era Confeito E Agora É Bala
E ISSO NÃO É PIOR DO QUE VIZINHO RUIM
Somos Mutantes
Um dia eu adoeci, fiquei amarelo e disseram que eu ia morrer; a requenguela desabou e duas lágrimas escorreram na cara dela. Eu na rede e com um olho só, espiava a coisa ruim, sem acreditar. Lá vinha ela com uma rodela de queijo do sertão e empurrava na minha boca, com uma doçura que quase me arrancava um dente. Ai, desgraçada, tu não tem pena de um penitente que tá na hora de ir para a Casa de Deus? Não? Monstra desnaturada. Vocês sabe o que ela disse? Eu sabia, ela num gostava de mim, e olha só! --tu é um bebé chorão, escarradeira de hospital, quizila de todas as quizila,
oi mamãe olha o "lubi", oi mamãe olha ele, com a roupa dos outro dizendo que é dele--
A malvada me afrontou na hora da minha morte; vou me vingar, não falo mais com ela; sirigaita; e fechei os olhos pra não ver a hora chegar; me deu uma fraqueza, um desmorecimento, eu já chorava de saudade dela, da desgraçada. Fui abrindo os olhos de pouquinho e de repente, que "susti"; os dois olhos dela estavam dentro dos meu; dei um grito, dei um pulo, ela puxou meu cabelo e eu belisquei as "náguina" dela; "fizemo" as pazes e não morri mais.
Cada um tem o irmão que merece, emagreci, espichei, falava grosso e ela nunca mais pegou na minha carapinha; ela ficou uma moçona, pontuda na frente e atrás, virou namoradeira e nunca mais ficamo de mal. Ela queria gritar pra mim, e eu na hora dizia: olha o respeito. Ela entendia e não queria que eu morresse novamente; saía, cabeça baixa e voltava com um queijo do sertão, duas rodela, e botava na minha boca, debaixo do meu bigode, e me deu vontade de levar ela pro Céu.
Somos Mutantes
quinta-feira, 1 de maio de 2014
DEVANEIOS - DE BANILO E DE BANILA
TENHO CARA DE ANTIGAMENTE, SOU DO TEMPO EM QUE MULHER MENSTRUADA ESTAVA NAQUELES DIAS
Venha cá c a cá. Não vou v o vou. Votes, cê tá me ouriçando, seu menino? Tô não senhó re-a-ra. Parece que é bes te a tá. Apoi fum fê u fum.
E era assim nessa arenga que eu e minha irmã se desentendia. Nós não se gostava, mas nós se queria.
Ela puxava meu cabelo e eu beliscava sua barriga, ela foi ficando moça e eu continuava menino. Que chatice; eu me espichava, e nada; ela se empinava lá em cima e lá atrás também, e eu falava ora engrolado e depois afinava e isso me dava uma raiva medonha. Ela mangava ni mim e eu chutava a canela dela. Ela deu pra cantá, desafinava e tava metida a dondoca; já queria andá de "misampli", experimentava um bolero e saia se rebolando em cima duns cambito fino; arre. A gente dormia num quarto só; como a gente só vivia de mal, de cortar de a vera o maior-de-todos em cima do fura-bolo, tinha por lei que deitar e dormir de costa um pro outro, e assim era. Mas eu gostava dela, com raiva mas gostava, e de noite me esquecia que era homem e chorava, bem devagarinho pr'ela não ver. E todo o dia era a mesma coisa; ela puxava meu cabelo e eu dava beliscão na bunda dela.Um dia eu adoeci, fiquei amarelo e disseram que eu ia morrer; a requenguela desabou e duas lágrimas escorreram na cara dela. Eu na rede e com um olho só, espiava a coisa ruim, sem acreditar. Lá vinha ela com uma rodela de queijo do sertão e empurrava na minha boca, com uma doçura que quase me arrancava um dente. Ai, desgraçada, tu não tem pena de um penitente que tá na hora de ir para a Casa de Deus? Não? Monstra desnaturada. Vocês sabe o que ela disse? Eu sabia, ela num gostava de mim, e olha só! --tu é um bebé chorão, escarradeira de hospital, quizila de todas as quizila,
oi mamãe olha o "lubi", oi mamãe olha ele, com a roupa dos outro dizendo que é dele--
A malvada me afrontou na hora da minha morte; vou me vingar, não falo mais com ela; sirigaita; e fechei os olhos pra não ver a hora chegar; me deu uma fraqueza, um desmorecimento, eu já chorava de saudade dela, da desgraçada. Fui abrindo os olhos de pouquinho e de repente, que "susti"; os dois olhos dela estavam dentro dos meu; dei um grito, dei um pulo, ela puxou meu cabelo e eu belisquei as "náguina" dela; "fizemo" as pazes e não morri mais.
Cada um tem o irmão que merece, emagreci, espichei, falava grosso e ela nunca mais pegou na minha carapinha; ela ficou uma moçona, pontuda na frente e atrás, virou namoradeira e nunca mais ficamo de mal. Ela queria gritar pra mim, e eu na hora dizia: olha o respeito. Ela entendia e não queria que eu morresse novamente; saía, cabeça baixa e voltava com um queijo do sertão, duas rodela, e botava na minha boca, debaixo do meu bigode, e me deu vontade de levar ela pro Céu.
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