Cajueiro, Recife-Pe em 1950. Minha Querida Mãe, D. Tude, I
sis e Pr. Lívio, Homem de Bem
Quem Não Tem Padrinho Morre Pagão
Passadas as águas é bom lembrar os enormes rios submarinos com vias próprias e sem se misturar com o Mundo líquido ali reinante; confronte à Islândia no norte do Atlântico, navios se abastecem ali de água sã, à flor do volume salgado, tamanha a pulsão da fonte cravada em plena Terra no fundo marítimo. Isso simplesmente já é suficiente para se erguer louvores ao Divino Provedor do Universo.
Em tempos de tempestade, já discorri sobre o manancial de eletricidade e energia que existe dentro de nuvens tenebrosas vomitando fogo; são raios de uma luminosidade solar indescritível que se apagam também, na velocidade incontável para o cérebro humano. Esse espetáculo de artifício é uma mostra de poder que tem o Criador. É uma queda livre e torrencial de cascatas de águas que o lusco-fusco intermitente deixa ver, em voo vertical; ruge o vento como um leão sem corpo que exige dos homens ali expostos o rendimento cerimonial que o Rei Celeste merece. Essa segunda aparição molhada com que brinca e se exibe o emérito Deus é mais um dos seus monárquicos direitos. Como vultoso vento Ele inclina o que era vertical, a chuva chove na horizontal providenciando rajadas assépticas para limpar o tão falado meio-ambiente. Glória à Deus.
É a Terra exposta ou submersa que sustenta essa apresentação artística embora macabra. É ela que absorve o excesso da liquidez corrente e que depois devolve administradamente por todos os espaços secos e sedentos do orbe terráqueo, segundo a visão Divina das necessidades que os humanos não vêem nem percebem. Outro tanto é devolvido ao espaço sideral em espasmos de vapor para novamente se despejar sobre a Terra quando só a sapiência de Deus se consente em administrar. É a disposição da Gea de pingponguear para um lazer querido. Terra seca e terra molhada no vai e vem como queiram esse pódio e chuveiro de Deus. A Terra é semeada pelos pássaros pipilantes que voam em grupo como crianças no recreio entre as aulas. Ela se deixa manusear e ser estrada, ser caminho e ser vereda; Ela se ergue em altiplanos, em serras e serrotes, mas também desce em covis, em furnas e em vales. A Terra sustenta árvores majestosas e copiosas segurando suas raízes, simplesmente para oferecer sombra ao viandante, ao saudoso amante que retorna, ao sono rápido de cansaço de um campesino exausto. Que vocês venham ter comigo, com João, com Chico e com Namor e que o Deus Terra, Ar, fogo e Água, envolto pelo Éter e dominante em sua Quintessência venha abençoar nossa Caiçara, nossa flores e nosso frutos, nossas almas em véspera de serem espíritos. Deus, perdoa nossas incertezas, nossos vacilos e impertinências e fortalece nossa Fé.
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