Tenho cara de antigamente, sou do tempo em que cagar era obrar.
EXPLICO - Jardineira é o feminino de Jardineiro. Camélia e uma lindíssima flor, folheada a se perder, muito paracida com a Rosa, e de tonalidades várias dessa cor. Ora pálida, ora ubra, com intermediações.
Quem procura acha
Década de quarenta. É uma canção lírica que pode ser balada, pode ser marchinha. Samba não é. e que embalou aquele tempo, tempo do Rádio, com Orlando Silva em voz empostada como era moda, cantava, entoava, ensoava e repetia e com êle todo o Brasil.
Oh Jardineira porque estás tão triste, mas o que foi que te aconteceu! --Foi a Camélia que caiu do galho, deu dois suspiros e depois morreu! (Foi... BIS ...morreu) --Vem Jardineira, vem meu amor. Nao fiques triste, êste mundo é todo teu, tu és muito mais bonita que a Camélia que morreu.
Tempo em que a Voz era o dominante, a imagem vinha em revistas ou jornais, portanto era secundária. Nada poderia espetacularizar a Voz. Era o tempo do corta-jaca, do chaleira e do xeleléu, todos, substantivos do mesmo gênero. Quando inserido era enxerido e também podia ser, metido, e que tambem significavam pessoa espremida entre duas coisas, o que se metia no meio. Era uma linguagem coloquial, hoje esquisita, mas bem inteligível nos anos quarenta brasileiro, mesmo com uma guerra ao longe e que nosso Ditador, o Gegê, nos meteu nela. Inda bem que nossos pracinhas só lá ficaram oito meses, com tempo de voltar e cantar a Jardineira e a Camélia chorosas. Topete era pastinha e quem tinha uma bicicleta via todas as janelas da rua se abrirem para o cumprimentar. E as Pastorinhas, meninas de doze aos catorze anos, uma ala em azul, outra em encarnado, com a Diana no meio em vestido com dupla cores. Os autos de Natal nas minhas oiças, oitenta anos depois, me chamam de regresso numa saudade miuda e dengosa que o tempo aperta e espreme e que zombeteiro o Roberto esganiça, êsse cara e você.
Outros tempos, cheio de charme e de certa ingenuidade.
ResponderExcluirPois e, Jil. Outro tempo, outra musica, outra harmonia, outro ritmo e lirismo poetico.
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