quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

DEVANEIOS - DE MUNDINHA E DEMAIS (250215)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Tendo Coreto Tinha Retreta
MÚSICA É A VESTIMENTA DA POESIA

Palestino Torcedor

Mundinha, noiva do tempo.  O que só ela via.  Singular mulher.  Família em quinze.  Seu Lívio e d. Tude e seus mais doze filhos, os de maió e os de menó.  Semeão, Zaú, Helveço,  Colaço, Zaía e Birajara, mais Juvenço, Claudionô, Perera, Wili, Moisé e Daviu.  Tinham pois.o mais maió e o mais menó
    
Viviam  na labuta da terra, cada um com a sua lavoura:  arroz, feijão, milho, cará, macaxeira, vagem, repolho, banana-prata, banana d'água, alface, chuchu, cravo, canela e pimentão.  No centro e no alto da propriedade, Seu Lívio vibrava ferro com ferro numa argola, lingo-lingo,  lengo-lengo e parava o vibrato com suas duas possantes mãos.  Ai começava o longo dia de trabalho com os catorze soldados da retreta.  Doze horas de sol iluminando suas obrigações.  De seis da manhã, no primeiro vibrato até o segundo às seis horas da tarde.  Ai, marcha soldados com sete fuzis-enchadas, das grandes e o mesmo das menores, até o encontro com Mundinha na casa querida, para a última comida e o baque suspirado sobre cada das quinze  redes.


Serviço pesado, benção de Deus. Todo sábado, fileira de jumentos para carregar seus 14 tipos de mercadorias até à feira grande na cidade de gente educada.  Iam na embaixada, além do Seu Lívio, o Semeão e o Daviu, pra aprenderem o ofício.  

E a seca e o agreste?  De Luiz Gonzaga, "Mandacaru quando fulora na seca, é o sinal que a chuva chega no Sertão...".   O mandacaru adulto é uma árvore de madeira retorcida, cheia de nódulos, que responde à batidas com pedras ferrrosas com som parecendo ferro sobre ferro.  Assim sendo, nos parece que não tem seiva.  Mentira.  O anúncio de água, de chuva, no Agreste é anunciado por essa árvore pelo aparecimento de sua flor lindíssima, com o caule verdíssimo e a profusão de pétalas com a base de amarelo-gema e a postura branca-virginal e abundante.  As folhas se revertem em espinhos como a defender a princesa no castelo.  Ela só se abre ao anoitecer.
Flor do Mandacaru (mais linda impossível)

"Lá detrás daquele morro tem um pé de Manacá, nós vai casá, nós vai pra lá.  Cê qué?  Cë vai?

Lindo Manacá para Mundinha

Coisas do Agreste, coisas do Sertão.  Coisas do Ceará. Coisas de Uruburetama.  

Mundinha no seu mundinho, com seu cabo de "puliça" parecendo com São Jorge.  Noiva da noite.  Esperta nas suas obrigações temporais e com seu interior velado como são as coisas sagradas.  Mistérios inalcançáveis para estranhos.  Ela é feliz com sua verdade só sua?  Deixem-na em Paz com suas mentiras- verdadeiras.  Enfeitemo-la com a flor Mandacaru, demos à ela uma coroa de Manacá, que ela penetre à fundo seus verdes olhos nas águas do Mundaú.  Que se despeça dos seus quando eles forem pra suas lidas e os receba na volta, com o cansaço extenuante do bem-fazer Divino, os alimente e os ponha nas redes como uma mãe que nunca será, velando doze irmãos e os pais como faria a Virgem no seu amor por Jesus.  Gente, oremos por Mundinha até a hora do seu chamamento.

Cenários disponíveis para a mitigação da vida:  Poesia, Drama, Tragédia e Circo.  Cada um tem sua escolha, ou cada um petiscará uma bandinha desse cardápio?  Essa disponibilidade é gratuita ou é compulsória?  

Eu sempre penso que na estrada da vida a escolha e a compulsão é bem dividida.  Metade é comandada por nossa vontade e a outra pertence a engenharia do "ação e reação", instrumento de Deus na gerência do Universo.  Sua justiça é ai aplicada na medida certa, nem demais nem de menos.  É Deus usando o Seu poder;  não pode ser contestado.

Mundinha cumpre seu fado

d. Tude, sua missão

Seu Lívio, seu mandato

De semeão à Daviu,  carregam o fardo muito próprio dos humanos

A Flor do Mandacaru alivia o Clima

O pé de manacá indica a consolidação da Paz

O MUITO É A VÉSPERA DO NADA

(SEM A PERMISSÃO DE ALTAIR DE ANDRADE CRUZ, POR CRIAR EM CIMA DA CRIAÇÃO DE MUNDINHA)









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