DE PASSADOS SE FORMA O HOJE
1963-edélvio(eu)aos 28 anos
Tenho Cara De Antigamente, Sou do tempo Em Que Cigarro Bom Era O Belmont
REI MORTO, REI POSTO
Olho meu retrovisor e vejo: Cigarros que fumei - Yolanda, Astória, Continental, Belmont e Asas. C. Americanos-Chesterfield, Camel, Look Strick. Tecidos que usei-S-120(Linho Inglès, década de 1950) e ainda Linho Diagonal e Taylor, todos da mesma origem e brancos, e quanto mais machucados, mais lindos e a excelência da coisa era o prazer de distinção que causava. A gazemira ou casimira, sempre marrom e o Tripical azul claro ou escuro, de vinco seguro , como nos outros tecidos, e tudo era um luxo só. Só sabe qem os conheceu, os sentiu e os usou. Os tênis-Ki Chute, Bamba, Conga e Pão-doce. Tá ai, coisinhas prá deixar saudades.
Não existia "jeans" nem lojas com confecções industrializadas; em compensação existiam os alfaiates e camiseiros, hoje raríssimos e artistas artesãos de prêço caro para satisfazer e enganar circunferências e latitudes um tanto exageradas. E a moda era "americana"; camisa americana quadrificada ou de cores berrantes e espalhafatosas; aniversário americano, pelo tal do "ponche", uma enorme terrina com suco de frutas e que cada um ao redor que pegasse um copo e uma concha enorme para se servir. Essa papagaiada americana de chapéu com cone na cabeça, também inveção vinda pelo cinema americano, ainda não tinha chegado aqui; graças à Deus. Mas Swing e Boogie Woogie jã estavam nas rádios abafando o noso zabumba. A primeira versão do Boogie Woogie deu muito dinheiro à Elza Soares, ao Silvinho arrastando as sílabas e outros mais, e fazia parte da "política da boa vizinhança" no programa de colonização americana, aqui no Brasil-macaco.
Nas matinés dos domingos, cheiro forte de "bidubin" crocante e cozinhado, na primeira fila de bancos onde a meninada gritava endiabrada torcendo pelo "mocinho", pela "mocinha", pelo "doidinho", pelos tiros de bandidos e xerifes abilolados, fazendo um salseiro barulhento e feliz, como são essas aglomerações de crianças, na pura inocência de ver as figuras na tela, de baixo prá cima, sem peocupação com o roteiro ou que história lhes estivesse contando, e ali estava eu. Como sempre, só, no meio da multidão, cirtindo entre um riso e outro, o clima de pecado que me apavorava. Pecado já era o antro cinema. Quanto perdão eu pedia a Deus pelo infausto, ainda mais sentindo minha hipocrisia de já estar antegozando o pecado do próximo domingo.
Perdoa-me Pai, eu ainda te peço hoje, nas vésperas dos oitenta anos, pelas lições de dissimulações que aprendi, na ânsia de apenas querer ser feliz. Temperança na hora de educar é ainda a melhor medida para ensinar. Não assustem suas crianças nunca, principalmente usando o nome de Papai-do-Céu. A candidez de um menininho é o estágio que Deus escolhe para Êle próprio bincar de Criança. O crescimento, o amadurecimento vai aos poucos tornando opacos essas cores celestes.
Nenhum comentário: