sábado, 7 de junho de 2014

DEVANEIOS - DE PASSADOS SE FORMA O HOJE (070614)


DE PASSADOS SE FORMA O HOJE

1963-edélvio(eu)aos 28 anos
Tenho Cara De Antigamente, Sou do tempo Em Que Cigarro Bom Era O Belmont
REI MORTO, REI POSTO

Olho meu retrovisor e vejo:  Cigarros que fumei - Yolanda, Astória, Continental, Belmont e Asas.  C. Americanos-Chesterfield, Camel, Look Strick.  Tecidos que usei-S-120(Linho Inglès, década de 1950) e ainda Linho Diagonal e Taylor, todos da mesma origem e brancos, e quanto mais machucados, mais lindos e a excelência da coisa era o prazer de distinção que causava.  A gazemira ou casimira, sempre marrom e o Tripical azul claro ou escuro, de vinco seguro , como nos outros tecidos, e tudo era um luxo só.  Só sabe qem os conheceu, os sentiu e os usou.  Os tênis-Ki Chute, Bamba, Conga e Pão-doce.  Tá ai, coisinhas prá deixar saudades.

Não existia "jeans" nem lojas com confecções industrializadas;  em compensação existiam os alfaiates e camiseiros, hoje raríssimos e artistas artesãos de prêço caro para satisfazer e enganar circunferências e latitudes um tanto exageradas.  E a moda era "americana";  camisa americana quadrificada ou de cores berrantes e espalhafatosas;  aniversário americano, pelo tal do "ponche", uma enorme terrina com suco de frutas e que cada um ao redor que pegasse um copo e uma concha enorme para se servir.  Essa papagaiada americana de chapéu com cone na cabeça, também inveção vinda pelo cinema americano, ainda não tinha chegado aqui;  graças à Deus.  Mas Swing e Boogie Woogie jã estavam nas rádios abafando o noso zabumba.  A primeira versão do Boogie Woogie deu muito dinheiro à Elza Soares, ao Silvinho arrastando as sílabas e outros mais, e fazia parte da "política da boa vizinhança" no programa de colonização americana, aqui no Brasil-macaco.  

Nas matinés dos domingos, cheiro forte de "bidubin" crocante e cozinhado, na primeira fila de bancos onde a meninada  gritava endiabrada torcendo pelo "mocinho", pela "mocinha", pelo "doidinho", pelos tiros de bandidos e xerifes abilolados, fazendo um salseiro barulhento e feliz, como são essas aglomerações de crianças, na pura inocência de ver as figuras na tela, de baixo prá cima, sem peocupação com o roteiro ou que história lhes estivesse contando, e ali estava eu.  Como sempre, só, no meio da multidão, cirtindo entre um riso e outro, o clima de pecado que me apavorava. Pecado já era o antro cinema.  Quanto perdão eu pedia a Deus pelo infausto, ainda mais sentindo minha hipocrisia de já estar antegozando o pecado do próximo domingo.

Perdoa-me Pai, eu ainda te peço hoje, nas vésperas dos oitenta anos, pelas lições de dissimulações que aprendi, na ânsia de apenas querer ser feliz.  Temperança na hora de educar é ainda a melhor medida para ensinar.  Não assustem suas crianças nunca, principalmente usando o nome de Papai-do-Céu.  A candidez de um menininho é o estágio que Deus escolhe para Êle próprio bincar de Criança.  O crescimento, o amadurecimento vai aos poucos tornando opacos essas cores celestes.




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