quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

DEVANEIOS - DE EU E MINHA PASTINHA

Tenho Cara De Antigamente, Quando Samboque Nos Joelhos Eram Sinal De Menino Impossível
QUEM PODE, PODE. QUEM NÃO PODE, SE SACODE
Mulher Cafusa
MINHA  PASTINHA
Meu desgosto de não poder ter minha pastinha;  e MINHA   ra muito novo e no tempo da guerra tinha que ir no barbeiro e pedir o corte jaquedemis.  Era o modelo cabelo alemão, e pronto.  A pastinha era uma trunfa que numa menina parecia uma franja, mas num ou noutro era chique.  E eu me lembro, descendo a rua do Amparo, em Olinda, Pernambuco, tiquinho antes de o sol aparecer, ia pegar a sopa e só queria me sentar com a janela levantada, para o vento não escangalhar minha pastinha.  Já era grande, tinha seis anos e a sopa tinha uma escada na traseira para s carregar as malas dos viajantes.

Por causo que tinha uma mulher vendendo sopa toda manhã no escuro donde se embarcava, o ônibus pegou o apelido de sopa.  Se eu já não fosse grande, eu brincava de melancia e de pular corda.  Não tinha sorte; um bocado de meninos encostados na parede e empinando a barriga e a Lulu passava de um em um dando palmadinhas nas empinações e quando chegava nim mim, só dizia que estava verde.  Eu corria como melancia empinada, pra dar uns cascudos nela, mas babau, nunca que lhe pegava.  Me vingava chamando ela de cabrita quando ela pulava corda, com aqueles seus cambitos.

Eu não tinha sorte com as meninas;  eu era nordestino e tinha a cabeça grande.  Mas, meu irmão, moreno e com a cabeça fina, mais novo do que eu, era um chameguento.  Elas o chamavam:  Vinho, me dá vinho.  O nome dele era Élvio.  Era um endiabrado e era maior do que eu.  Eu me trepava e segurava nas grades de uma janela e ficava sacudindo as pernas, uma de cada vez, para baixo, esperando que elas se espichassem e eu ficasse alto.  Deus Não deixava e eu me torturava.  Ôh bichinho chato que eu era.  Branquelo e  troncado no grosso, não dava chance pro inimigo.

Uma vez inventaram os marta-rocha;  começava a macaquice de imitar os americano;  concurso de miss. Marta Rocha venceu e o micro-ônibus bonitinho, ganhou o nome dela.  Era mais caro, mas era mais rápido e era mais bonito.  Eu pulava em cima dos traque de massa, no São João.  Eu ia no pastoril e comprava o retrato de uma pastorinha e me apaixonava por todas elas.  Era tempo de boogie-woogue. Tudo era americano, até os aniversários, até as camisas e se dizia bai-bai.  Eita brasileiros chinfrim!  Óculos ribânio, cigarro luquestraque e sabonete laifebuoi.  OK?  Sim sinhô.

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