terça-feira, 20 de dezembro de 2016

DEVANEIOS - DE GUAIAMUNS (120913)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Gardênia Era Flor e Perfume e Tinha O Cheiro Da  Amada
QUEM FALA MAL DE MOMICE É PORQUE NÃO CONHECE A MUNGANGA

domingo, 22 de setembro de 2013


DEVANEIOS - DE GUAIAMUNS

TENHO CARA DE ANTIGAMENTE, SOU DO TEMPO QUE JANELA ERA POSTIGO.
SOU DO TEMPO EM QUE CHICLETS ERA CHICLES.
SOU DO TEMPO EM QUE FECHECLER ERA RI-RI.
SOU DO TEMPO EM QUE SOUTIEN ERA CABEÇÃO.
SOU DO TEMPO EM QUE PARCEIRO ERA PARECEIRO.
SOU DO TEMPO EM QUE MENDIGO ERA ESMOLER.
Quando Presente De Grego Era Um Acaba Festa
Quando O Minguante Era Um Crescente

    MAS VAMOS FALAR DE GUAIAMUNS.  NÃO DE CARANGUEJO. AQUELE PRETO E CABELUDO QUE VIVE NA LAMA, MAS DE SEU PRIMO  DE CASCO AZULADO, ÀS VEZES RAIADOS DE AZUL,E MUITO LIMPO.  ESTAMOS EM 1947, BAIRRO DA TORRE, RECIFE, PELAS CERCANIA  DA MÃE DE VASIGUINTON, UM POUCO DISTANTE DO RIO CAPIBARIBE, NUMA CAMPINA PLANA E COBERTA POR UMA HERBÁCEA PERFUMADA QUE PARECE QUE ANDA, LEVANTANDO A PARTE POSTERIOR ACIMA E DEPOIS BAIXANDO COMO SE POR FORÇA DE ATRAÇÃO E IMEDIATAMENTE, PELOS, COMO PEQUENAS RAZES SE ENCRAVANDO  SOBRE QUALQUER COISA QUE LHE ESTIVESSE ABAIXO.  A CADA VEZ QUE ERA ESMAGADA PELO PISOTEIO, MAIS RESCENDIA AQUELE CHEIRO MUITO AGRADÁVEL.  EU ANDAVA MUNIDO DE QUATRO OU CINCO LATAS DE ÓLEO DE SOJA USADAS, RETANGULARES, AO MODO DE RATOEIRAS, TENDO DENTRO NO FUNDO E NO GANCHO DE  ARAME UM PEDAÇO DE CASCA DE ABACAXI AINDA SUCULENTA QUE QUANDO PUXADA PELO ANIMALZINHO, FECHAVA A BOCA POR ONDE ELE ENTRAVA, E AO MORRER DO SOL, JÁ QUE O EXERCÍCIO DE SEMEAR A PERDIÇÃO DOS MESMOS ERA À  NASCENTE, EU VOLTAVA PARA RECOLHER AS PRISÕES DOS INFORTUNADOS.  QUE DEUS ME PERDOE POR FAZER DA DESGRAÇA ALHEIA  MEU MOMENTO DE LAZER.  ANTES DA SEMEADURA DA ENGENHOCA TRAIÇOEIRA, ABAIXADO EU EXAMINAVA CADA LOCA CAVADA POR ELES  A VER SE TINHA NA ENTRADA SEUS DEJETOS, MESMO ASSIM, NUM AMBIENTE MUITO LIMPO.  ENCONTRADO O CORPO DE DELITO  ALI EU INSTALAVA A REBIMBOCA IMPEDINDO A SAÍDA DO INOCENTE, SALVO PARA DENTRO DELA.  RECOLHIDA A CEIFA  VOLTAVA PARA CASA ASSOVIANDO  COMO SE NÃO FOSSE UM RENEGADO E NO MEU QUINTAL DESPEJAVA DE CADA ARMADILHA OS INOCENTES DENTRO DE UM QUADRILÁTERO DE TIJOLOS PARA A ENGORDA.  QUE MALDADE;  SEMPRE, SEMPRE ALGUM ANIMAL, GATO TALVEZ, DERRIBAVA  AS MURETAS MAL AJAMBRADAS, E EU NUNCA TINHA GUAIAMUNS GORDOS, PARA AUMENTAR O CONTENCIOSO DOS MEUS PECADOS  DIANTE DO PAI, QUANDO O TEMPO ESTIVESSE NO SEU "T".

    ERA ESSE O MEU VIVER, POR FALTA DE HABILIDADES PARA OUTRAS ATIVIDADES.  NÃO SABIA JOGAR PIÃO;  NÃO TINHA FIRMEZA NOS DEDOS PARA AS BOLAS DE GUDE, NÃO TINHA DESTREZA PARA FABRICAR PAPAGAIOS;  APENAS JOGAVA BOLA DE BORRACHA FURADA E POR ISSO EU ANDAVA SEMPRE COM UMA RAIZ SÓLIDA E FURANTE, PARA ENFIAR NO FURO DA IMPRESTÁVEL E CONTINUAR O JOGO, JÁ QUE A BOLA ERA MINHA.  NA VERDADE EU ERA UM SEMI-SOLITÁRIO, MESMO QUANDO ESTAVA ENTURMADO.  BOM, VOS PROMETI FALAR DE GUAIAMUNS E FALEI, JÁ MAIS NADA DEVO, ENTÃO ME DEIXEM NA MINHA SOLEDADE.

Casebre No Fim Do Mundo







  


                                   

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