1985-Manaus-AM-(eu)edélvio e Glauce aos 50 a, Rico e Telma Há 31 anos atrás
Tenho Cara De Antigamente, Sou Do Tempo Em Que Babaca Era Basbaque
NÃO EXISTE VÁCUO QUE NÃO SEJA OCUPADO
Tudo começou com o A maiúsculo que reclamou do insulto; não sou O, pra ser maiúsculo. Fiz-me de desentendido e deixei-a como a minúscula e prossegui. Depois do indicativo, o substantivo, sólido se abraçado por trás; se abraçado de frente era adjetivo com muitas qualidades e às vezes com alguma quantidade. Agora, o verbo da ação e em seguida o objeto, melhor se for direto. Indicativo, sujeito, verbo e objeto, em consequência, uma frase, mas eu gostaria que fosse um parágrafo, depois de um conchavo e um traço de união. Virou uma oração e também uma briga; continua, não continua, demos um breque usando uma vírgula; andamos mais um pouco e pus um ponto, final. Aquela a, danou-se e sapecou mais dois pontinhos. três pontos subentende continuação ou mistério. Pus em seguida um ponto de admiração e em seguida uma interrogação inquisitiva. Começou o lero-lero; ela - o quê!?. ...
Isso escrito é uma coisa, mas e a fala? Ela era chegada numa vogal e tagarelava nas cinco: na primeira abria a boquinha, na segunda estreitava a abertura bocal; no i , fazia um biquinho no lábio de cima; no ó, deixava um círculo oval redondo e no u, era bico em cima e bico em baixo. Que azinho turbinado e encrenqueiro! Não havia linguagem, não tinha comunicação. Eu já estava pensando no divórcio, sem ter casado. Eu dizia: você pensa que se vive só de vogal? E cadê as consoantes? Ela só dava muxoxos. Dengosa, catimbeira; parece jogador argentino. Depois de muita arenga aceitou dialogar: foi o ba, o ce, o do, etc... Ai, oralizamos a união e surgiu o amor.
Eu, - onde? ela indicava. Ela - quem? Eu mostrava-lhe o sujeito e logo perguntava: o que faz ele? Ela - ação; e verbo nele. E em seguida perguntava pronde vão os seus atos? Eu - cê que sabe, foi você que verborrejou-os. Rimos, ficamos felizes e começamos a namorar. Sonorizamos as ações. Demo-lhes aplicativos. Permitimo-nos toques, apesar de ela, chata, dizer: toque devagar. sentimos cheiros e calores. Nasceu a vida. mentimos mentiras. coxixamos gritos e berramos segredos. Arrepios em cabelos que eram pelos. O cangote virou nuca porque aprimoramos nossos gostos. Não se dizia, vamos sambar? Dizíamos: Quereis vós valsar? Sim, era tudo maldito chique.
ATÉ QUE AO FIM O AMOR FALECEU E NO VELÓRIO, VESTIDO DE BRANCO COM OS PÉS PRA RUA, VIRGEM QUE ERA, GRAMATICALMENTE CORRETO, DESCEU AO TÚMULO
DIZ-ME COM QUEM ANDAS E DIREI SE VOU CONTIGO
EIS A QUESTÃO
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