sábado, 30 de janeiro de 2016

DEVANEIOS - DE HEGENOMIA DA VOZ

Tenho Cara De Antigamente, Quando Crush era Uma laranjada artificial contrapondo a Coca-Cola   
NA DÉCADA DE 40 ERA O REFRIGERANTE FRATELI-VITA, EM GARRAFA

Raffael-Hermes-Psiqué

De Elis:  Sou Música, contrapondo-se ao Músico, como profissional.  Seu instrumento ?  A voz, a voz é meu instrumento.  Respondia a Pimentinha, geniosa que era. Ela era perrrengue, birrenta.  E partindo dai, vai que é mesmo.  A voz harmoniosa, com personalidade, agradável e que no conjunto dos metais, cordas, teclados, sopros, foles, tem sua hegemonia e tem que ser respeitada, coadjuvada para que entregue seu recado de inteligibilidade, interprete de letra e de poesia, a ouvidos carentes que captam emoções de chorar ou alegrias com lágrimas.

Esse conjunto de instrumentos recebem a voz num envelope de carícias aprontando a reta dos ombros com a harmonia de seios ondulantes de tamanhos contidos conferindo beleza a uma cintura fina de criança-moça sobre quadris competentes e comportados.  Não é permitido atropelos aos solfejos cadenciados, aos breques e escorregos sobre ladeiras conhecidas e a voz flui esvoaçante entre e sobre o grupo musical.  A Euterpe funciona com atração irrecusável, com luz branda, aconchegante acompanhando o ritmo nos seus baixos e agudos.

Vejam a Elis no compasso das "águas de Março",  vejam-na na criancice do Adoniran no seu "Tiro ao Álvaro".  Não perdemos uma palavra ou uma frase do que precisamos para entender a história cantada.  A voz é instrumento musical que goza do respeito dos outros pelo seu valor primacial.  Se ela se perde e no meio os outros se tornam apenas estridências, pode mandar parar, pode descer do bonde, sem direito a retorno.  Viagem perdida.  A voz bem pertencida custa caro e tem por fim magnetizar quem a ouve, sensibiliza-lo até mil gozos.

A voz bonita embeleza cantores feios.  Produz essas mágicas inexplicáveis.  Inebriam e criam imagens imantadas bem seguras na memória de quem a aprecia.  Quem já não se encantou em falsas paixões por conta de uma letra bem embalada?  E foi, e foi , e foi, e nunca mais voltou!  É como uma bebedice enxofrada que traz ressacas  terríveis das quais pessoa alguma  quer relembrar.  Isso é uma coisa ruim, no entanto faz rir quando é lembrada e serve de lição para se deixar de ser trouxa.  A voz enfeitiçante  no meio de outros instrumentos é como um bom-bom doce numa boca amarga.
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