domingo, 3 de janeiro de 2016

DEVANEIOS - DE "A NOIVA"

Tenho Cara De Antigamente, Quando Existia A Crestomatia
SER POETA ERA SER UMA ALMA QUE SE VIA

Esta é Uma Árvore (Acreditem)

De Artur De Azevedo

"Tu és a flor;  As tuas pétalas
Orvalho lúbrico molha; 
Eu sou  flor que se desfolha
No verde chão do jardim"

Têm por moda agora os líricos
Versos fazer nesse estilo...
--Tu és isso, eu sou aquilo,
Tu és assado, eu sou assim...

às negaças deste gênero,
Carlotinha, não resisto;
Vou dizer que tu és isto,
Que aquilo sou vou dizer;

Tu és um pé de camélia,
Eu sou triste pé de alface,
Tu és a aurora que nasce,
Eu sou a fogueira a morrer.

Tu és a vaga pacífica, 
Eu sou a onda encrespada.
Tu és tudo, eu não sou nada,
Nem por descuido doutor;

Tu és de Deus uma lágrima,
Eu sou do suor um pingo,
Eu sou no amor u o gardingo,
Tu hermengarda no amor.

Os fatos restabeleçam-se,
Ó dona dos pés pequenos:
Eu sou homem -- nada menos,
Tu és mulher -- nada mais;

Eu sou funcionário público,
Eu tinha esposa bem cedo.
Eu sou Artur Azevedo,
Tu ér Carlota Morais.

A  Um Poeta Assim Deus Deu Crédito De 53 Anos De Vida Para Passear Neste Planeta




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