quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

DEVANEIOS - DE SINHÁ

Tenho Cara De Antigamente, Quando "Nem Trepa, Nem Sai De Cima" Era Um Indeciso
"PORTUGA" É UM TRATAMENTO CARINHOSO PARA OS IRMÃOS LUSOS

Tor, Deus Gigante Nórdico

Sinhá, feminino de Sinhô, dada a impossibilidade de sendo senhor reduzido a "seu", "sua", seu feminino não era usado corriqueiramente porque tinha ares desaforados.  Usava-se sinhozinho e sinhazinha para os herdeiros dos maiorais.  Nas ruas se usava "esse menino" e "essa menina" quando se chamava um menor desconhecido como herança do sibilante sinhá e sinhô.  Quero dissertar sobre isso para mostrar a malvadeza implícita, no antigamente, quando uma moça de roda-pé social se elevava por casamento, e no conseguinte tratava a mocinha amiga de antanho, com desprezo.

Essa nova rica recebia a ex-contemporânea, embora aparentada, para fazer serviços chamados domésticos, em sua casa e tratada mesmo como serviçal.  Essa ordem era comum e cultural.  Minha mãe, de família dona de terra em Guarabira-PB, apenas alfabetizada rudemente,  ia para Recife, capital de Pernambuco, pra casa de sua antiga parceira Etelvina, e assim lá era tratada.  Anos seguinte, a professora primária Etelvina Batista, de unhas longuíssimas, que beliscavam as costas de minhas mãos de 6 anos de idade, passou a morar conosco, em quarto especial só seu.

Conto esse conto real porque até no empo em que morou conosco, de onde saiu por casamento, era chamada por minha mãe, de Sinhá, por força do costume.  Persiste hoje o "seu", mas não o "esse" e a "sinhá".  Isso é a afirmação de que a palavra é viva, e de que quem é vivo morre, não sem antes passar por várias modificações.  No nordeste brasileiro ainda é comum chamar-se um guri de "bichinho", com ar de pena ou apenasmente de carinho.  Já bicha, é trato para homossexuais.  Dá saudades a lembrança da sinhazinhas ardentementes mimoseadas, esperando um casamento.

Romanceada a história de sinhazinhas mestiças, filhas de pai senhor,branco e mandão, com filhas de escravos negros numa mistura Divina pela beleza que carregavam e pelos ajutórios de educação que recebiam:  Tocavam piano, eram escolarizadas, falavam francês, a língua civilizada, aprendiam a se locomover e apresentar airosamente e mais nada, absolutamente.  Estava sendo preparada para ser  a cereja futura de uma iguaria nas bodas mais festiva de uma redondeza.  O prazer hipnótico de uma noiva no seu branco imaculado e o enorme orgulho de uma família com poder  de mando.





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