quarta-feira, 23 de novembro de 2016

DEVANEIOS - DE DISTÂNCIA ENTRE O IDEAL E O REAL (231114)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Realmente O Ideal E O Real Se Confundiam
CASAMENTO É LOTERIA DESDE O TEMPO DE LABÃO,
JACÓ RECEBENDO LIA, PEGOU A  APROXIMAÇÃO 
Não Sei O Quê

domingo, 23 de novembro de 2014


DEVANEIOS - DE DISTÂNCIA ENTRE O IDEAL E O REAL

1985-santana Do Livramento-RS-edélvio aos  50a(de roupa escura)

Tenho Cara De Antigamente, Sou Do Tempo Em Que Procriar Era Parir
QUEM NUNCA SENTIU O PRAZER DA ROUPA NOVA, NASCEU ABORTO

Eram duas vezes por ano;  no aniversário e no Natal e Ano-Novo.  Aos nove anos em Recife com direito de bater uma chapa e tirar um retrato e o resto era exaltação.  Calça e paletó sem gola, brancos com bolso da frente ostentando um escudo bordado e colorido, arte do seminarista Davi, aluno de meu Pai.  Camisa de seda branca com gola grande pra ficar sobre o que seria a gola do paletó e arte de d. Amélia costureira que rescendia sempre a cheiro de óleo de máquina de  costura, com seu vestido sempre preto com bolinhas brancas.  Cueca naquele tempo criança não usava.  E ma braguilha de botão que tanta lágrima me custou,  mas nunca  conseguida,  o máximo foi a interrupção de linha de alguns centímetros, feita pela costureira, não pelo alfaiate, Não funcionou;  dedos muito curtos, a vítima menor ainda e a impossibilidade explícita da frustração que um homem pode ter.  

Num dia de domingo qualquer eu levava meus petrechos para o banheiro;  numa cadeira ficavam a tão bem descrita relíquia, a roupa nova, sempre conhecida assim, mesmo quando já estava velha.  Na borda da banheira uma saboneteira com o maravilhoso Eucalol;  Era um cheiro estapafúrdio debaixo de uma gritaalhada simulando um canto, "Helena, Helena vem me consolar".  Depois, talco Rossi nos sovaquitos e vestia calça,meias brancas, sapatos branco e marrom, cinto, camisa ensacada e paletó.  Dava duas puxadas com pente nos finos cabelos para frente, no que a gente chamava de pastinha e saia saltando, sempre;  muitos cheiros eu tomava dos adultos e dos mais afoitos, a mão aberta rente na minha cabeça e o empurrão em seguida, jogando-a para adiante.  

Eram quatro alegrias por mês e eu ia pro Derby, um jardim enorme com ruas larguíssimas, com bambuais e peixe-boi, com tanque grande e alto com piabinhas e com o loré, balanço compridão impulsionado por dois meninões maiores que os normais, de cada lado.  Dos pés de um aos pés do outro, lotado de meninos, nenhuma menina, escanchados e a gritalhada era descomunal à cada ida e à cada volta daquele monstro medieval.  Não, não tinha amigos.  Desde sempre eu andava só com a minha imaginação. Ela me bastava e era uma luta entre o real e o ideal.  Não dava contas à pessoa alguma quando dizia que estava voando.  Se fosse ruim ela não daria jeito, se fosse bom ela não ganhava nenhum pedaço e assim eu gerenciava miinha vida naquele mundão que era grande porque eu era pequeno.  

Hora de voltar com o meu imaginário e com minha roupa nova;  estava molhado e escorregadio e por isso me chamavam de menino "impossível";  se fosse hoje seria, impulsivo.  Tirei o pé do freio, injetei uma primeira, uma segunda e antes de entrar na terceira já estava na quarta.  Baixa verde, passo pelo portuga fechado aos domingos, vejo as casas de Gladstone e Matanias, colegas de colégio e de igreja, passo pelo Pingalho com seu cheiro forte de aguardente fugindo  por baixo da porta, cruzo a porta altíssima da Igreja da Capunga, fechada, atravesso a rua sem fim, entro em casa, casarão, e desabo no colo do meu querido tio Artur, na verdade tio de meu Pai e Pai adotivo.

Dias felizes, coisas do passado, de setenta anos atrás, cheios de mentiras verdadeiras que eu não entendo como um adulto é capaz de querer barrar os impulsos de uma criança assim inquieta.  

Pronto, Olhe O edélvio Ai, Aos Nove Anos, Em 1944, Tal Como O Descrito Acima
Vejam O Samboque No Joelho Esquerdo Do "impossível"
IDEAL E REAL  JUNTOS


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