quinta-feira, 13 de abril de 2017

DEVANEIOS - DE ALOR, ALOR, LOR (301015)

Tenho Cara De Antigamente, Quando aos 15 Anos Fazia Minha Afirmação De Vida
RECORDAR É VIVER
Revista De 1930


sexta-feira, 30 de outubro de 2015


DEVANEIOS -DE ALOR, ALOR, LOR

Tenho Cara De Antigamente, Quando Subúrbio Era Arrabalde
COISAS DE 15 ANOS

Bandeira Palestina Frente à ONU

15 anos.  Primeira bicicleta.  Freios no pedal, tornando-os pra trás.  Água-Fria, arrabalde do Recife.  Adolescência solitária.  Era chique ficar em pé com uma perna sobre o quadro com pose de proprietário.  Meu primeiro emprego.  Chamado Festa de Rua com carrocel rodando com bancos de frente e com cavalos que subiam e desciam.  Era uma pobreza.  Pouca gente pelo parque.  Mas o sucesso eram os alto-falantes estridentes tocando Luiz Gonzaga e sua sanfona e gritando:  alor, alor, Lor, assinado:  Zer Vorvor;  assim como a chuva rega essa flor, receba essa música com muito amor.

Assim era a vida.  Eu tinha uma bicicleta, tinha mobilidade, ia e vinha.  Eu era rico.  Uau.  Não podia comprar fiado, mas o vendedor da "Rozemblit" sapecou o nome do meu pai no pedido e me mandou assinar o nome dele.  Meu primeiro deslize.  Recebi o presente que me dei. Era feliz e ia aprendendo as falsetas que a vida ensina.  Ela era vermelha e lá ia eu numa distância enorme, do Cajueiro, onde morava, para Boa Viagem, praia classe "A" do Recife, e voltava com um vento só em minhas costas, sem uma pedalada que nem a Dila faz, até a praia do Pina, classe "C" com suas casas de madeira.

Frequentava as matinés do clube onde era sócio, aos domingos, e não precisava mostrar minha máquina, todos as meninas já sabiam do meu poder.  Dançava os boleros da moda, aquele que obrigatoriamente tinha que antes da repetição, ser declamado com voz ondulante, um verso da canção.  Eram os discos negros de vinil da mesma "Rozemblit", que rodavam infinitamente até se furar, e o bom era a colagem "face to face", peito com peito, barriga com barriga, coxa com coxa e pés entre pés.  Eita menininhas "teenages" da moléstia, eram da gota serena.

Ah! lurdinha, lourinha apimentada, do cabelo curto e cacheado, da cara redonda, que quando eu a chamava na frente da casa dela, ela vinha esbaforida e de repente dava meia-volta e gritava:  meu rib
ânio, já ia esquecendo.  E voltava cum óculos falsificado, de vidro verde, da marca "Ray Ban".  Era uma graça, e dentro do salão na parte mais escura, dele não se desgrudava.  Dzia que era o "it".  Fui crescendo, já estava nos 16  anos e a vida era um prazer com as suas descobertas.  "Minha vida é andar por esse país..." gemia o Gonzaga e eu puxava a cabeça da louca.  Era bom demais.





Nenhum comentário:

Postar um comentário