quarta-feira, 12 de abril de 2017

DEVANEIOS - DE FUGA DA SECA (1) (130315) (140316)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Os Caprichos Da Natureza Se Enrolam Num Mal Final
A MÁ SINA OS ENVOLVE SEM PERDÃO
Revista de 1962

terça-feira, 12 de abril de 2016

DEVANEIOS -DE FUGA DA SECA

Tenhho Cara De Antigamente, Quando Virgindade Se Chamava Cabaço
E O CABRA-MACHO AS "VEZ" TERMINAVA FALANDO FINO
o final dessa tragédia está contada no "genilda e genilson", adiante

Lindo Caminho Lilás

segunda-feira, 14 de março de 2016


DEVANEIOS - DE FUGA DA SECA(130315) (1)

Tenho Cara De Antigamente, Quando João Só Era Um Doente Solitário
JOÃO DO RIO 

Nascente Ou Morrente Iliminamdo Um Túnel

sexta-feira, 13 de março de 2015


DEVANEIOS -DE FUGA DA SECA PARA A CIDADE (1)

Tenho Cara De Antigamente Quando JuÍzo Era Quengo
CALÇOLA DE ONTEM É A CALCINHA DE HOJE
Sertão-Burrinho Solitário

É  normal  o deslocamento de pessoas das agruras das secas para o meio urbano, mais de homens que de mulheres, sempre á procura de um emprego para arreglo dos familiares que ficaram para trás.  Sofre quem fica, sofre quem sai.  Este será sempre um braçal, já que não lê nem escreve, e o mais certo é que seja aprendiz de pedreiro, ou cortador de cana.  Sempre será enganado, numa profissão como na outra.  Triste sorte dessa gente boa de índole, ao natural.  Nada consegue pra si, pra sua segurança, muito menos sobras para mandar para os queridos lá atrás.  Morre de saudade, as lapadas que não lhe faziam mal, agora substituindo o feijão, vai-lhe prendendo numa cadeia hostil, dando-lhe energia para a lida ordinária, e á noite predispondo o organismo para uma doença debilitante, tuberculose talvez. 

Depois serão as moças, uma de cada vez, e como os irmãos, um para cada lado.  Ai já está feito desmanche da família, sem conserto jamais, para tempo algum.  Vai pra casa de família de brancos, roceira, analfabeta, medrosa, servil e virgem.  Vai aprender aos poucos posturas que nem imaginava, como sentar e jogar as bandas das saias para o meio das pernas.  Se esfregar no banho com sabonete e não com sabugos, o que lhe dava certa graça com o corpo mais cheiinho e ao mesmo tempo mais perigo ante os machos do abrigo.  A vida corre para todos, a alfabetização e os comichões da puberdade, a curiosidade e a falta de professor, o rapazola e o galo velho com olhares enviesados, e o que fazer, em suspenso.

Voltar pra roça, como, se não se sabe nem o caminho ou o norte?  O irmão com um chapéu Chile, na rodoviária de  "Sum Paulo"  e a ex-donzela com lenço de cigana na cabeça, numa carona de caminhão de um desconhecido.  Assim o destino costurou a prosopopeia do desembaraço.  Eram as antevésperas do chitão, cada um com a sua mala.  A conversa comprida de um e de ouro os levaram a um cruzeiro de estrada de terra encarnada como fogo, poeirenta como o sopro de Satã, se viram, não se conheceram e começou o lengo-tengo. A moça falava explicado e o homem tinha a segurança de um nordestino que venceu os serpenteios da vida.  Caminhavam e se engraçavam, e pararam na entrada de uma grota de pedra com uma leve entrada para fugir do bafo vigoroso que soprava.  O rapaz apresentou-lhe uma rapadura com enclaves de cravo, enxerimento do povo da capital, e a moça tirou de sua mala cheirosa uma garrafa de gengibre cor do cão.  Comeram e beberam.  Uma blandícia não foi mal.  O galante puxou de um lenço grande e redimiu-a do suor impertinente que o sertão empresta.  Ela tirou da cabeça o admirável pano de cigana que lhe grifava a graça.  Ambos se arrepiaram, e maiores que eram, se tornaram pequenos num rolo de encoxos e impetulâncias.  Aprofundaram-se na toca e simularam um velcro, e gritos e gemidos e gozos e relaxamentos.  Se entregaram.

Continuaram a procissão de dois sob o morrente sol até chegarem ao sítio do seriguela, entraram rua á dentro sem darem conta de que reconheciam aquele lugar.  Incrível chuva de aguaceiro e um lampião de manga numa janela os espiava com um olho só.  O rapaz gritou, Pai e a moça repetiu, Mãe!  Olharam-se mas não se viram.  Ouviram penico se arrastando no chão, da lado esquerdo uma mulher murchinha e do lado direito um homem de voz poderosa:  É Genilson? E isso é hora de chegar em casa?  A murchinha, pequenininha, gritou Gracilda:  E esse escuro é lugar de menina-moça andar?  Onde já se viu!  Os dois, já  pra rede.  Agora, naquele redemoinho, a vergonha dos dois irmãos crescia como bicho preto de assombração.  O rapaz:  volto pro corte de cana, amanhã.  A moça:  Que vergonha, meu Deus. Enganei os meus pais, enganei meu irmão, e agora eu sei que cabaço não se implanta.  Que fazer?  Lembrou-se do pano colorido de cigana; passou-o só pelo pescoço, pendurou-o no armador da rede e dependurou-se bruscamente, como castigo por tamanha infâmia.


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