sexta-feira, 14 de abril de 2017

DEVANEIOS - PÃO CARTEIRA COM BANANA (140416)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Solito, Sempre Solito AndavaPporTtodos Os Lugares
POR ISSO SOU CONTADOR DE HISTÓRIAS
  Palestininhos Felizes NasSuas Aflições


quinta-feira, 14 de abril de 2016

DEVANEIOS - DE PÃO CARTEIRA COM BANANA

Tenho C ara De Antigamente, Quando O Passado Me Traz Á Memória Boas Recordações
VOS TRAGO LEMBRANÇAS DE 43/45 ENTRE MEUS 8;10 a.

Tintoretto

Era um pão em dois quadrados presos por um dos lados,  como se fosse uma carteira;  não tinha a cor rubra e aparentemente molhada, do pão doce, tinta uma cor vermelho-escuro opaca, mas o miolo era alvo, macio, cheiroso e uma delícia.  A banana vinha em separado e em outra mão porque a casca continha sujeira e então podíamos, nua, pô-la dentro da carteira.  D. Cícera, zeladora do internato do CAB, todas as tardes distribuía esse lanche aos seus cuidados e eu como morava em frente ao colégio, sempre me escorregava por ali.  Ela  me puxava pela cabeça e alimentava minha cobiça.

Ela era mãe de Débora, pequenita e de Ruth, grandona.  Esta tinha uns ataques epilépticos, para castigo de uma moça tão bonita.  Nos domingos, na entrada da igreja da Capunga, às vezes a pobre caía, se feria, e os cuidados para esconder seu patrimônio dos joelhos para cima eram grandiosos.  É sempre assim, não há felicidade completa para pessoa alguma.  D. Cícera conduzia um grupo de  meninos tenros para o culto.  O mais novinho, imagino uns cinco anos, à quem chamavam "oncinha", porque sabia se defender dos mais velhos.  

Eu andava por todo o campo, aquilo era grandíssimo.  A família Jordão vasconcelos tinha um número enorme de filhos naquele internato.  Destaco o Mauro, branco e louro, hoje desembargador em Recife, que jogava voley e basquete e o Edmundo, o fortão, de corpo atlético por natureza, com braços musculosos fora da camiseta sem mangas, avesso à exercícios.  Sempre o via sentado num banco de gesso, frio, sozinho, olhando o vazio, até que descobri um seu contraste, mais alto que ele e bastante forte, também.  A briga estava marcada para o Tabuleiro Da Baiana e todo o colégio vibrava.

A luta aconteceu, parelha, e o picolezeiro , se fosse advinha, teria vendido dois latões, naquele dia.  O pobre Edmundo fugia do internato e ia ao Pingalho, em frente, e tomava aguardente e era desses filhos de quem se diz, que dá trabalho.  Ali, no campo de futebol tamanho oficial eu vi o Lucas, outro fortudo, chutando e metendo o pé em um buraco que o travou como um freio.  O corpo foi pra frente e desabou e a parte óssea do peito do pé rasgou o envoltório e ficou exposta. Foi um descontrole, um corre-corre e aqui paro, pensando no meu pão carteira com banana.


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