domingo, 12 de junho de 2016

DEVANEIOS - DE QUATRO TEMAS

Tenho Cara De Antigamente, Quando Barafunda E Bagunça  Eram Um Furdunço
COMO A LAMPARINA QUE  LANÇA UMA LUZ COM UMA FUMAÇA NEGRA

Pássaro Lindo E Desconhecido

O mungangueiro é chegado numa careta, contorce a cara e faz trejeitos.  Acha-se engraçado e faz os outros rirem,  Quer que o chamem de Zé Munganga.  Ás vezes frisa suas falsetas com algumas muçicas, contração muscular sem controle.  É um palhaço sem nariz postiço, totalmente amador, e agradece sem dizer "brigado" qualquer sorriso barato que nem lhe enche os bolsos.  Em momentos , é realmente muito do seu sem graça.  Que fazer?  é no geral, um pobretão mas é apenas aceitável por outros pobres que laboram.

Coisa chata quando se diz "perdi o bonde".  É a afirmação de de um projeto frustrado.  Mesmo hoje, perto de completar um século que esse veículo saiu de circulação deixando uma saudade enorme em que deles se serviu, ainda se usa essa expressão.  Eles eram abertos, com bancos disponíveis logo na subida para seu interior, ou fechados, com portas sempre abertas, na frente e atrás.  Tinham um motor dianteiro e outro traseiro e motorneiro apenas, no retorno, ia com a mesma alavanquinha para o outro lado e os passageiros, se quisessem, volteavam os encostos dos bancos. Era assim.

"A mão que afaga é a mesma que apedreja", frase de um poema de um poeta paraibano chamado Augusto dos Anjos, estudante de medicina, que a tísica  grampeou antes mesmo de se formar.  Seu único livro de poesias se chamava "Eu".  Rico no vocabulário médico e impregnado de baixa-estima pela ciência de sua pena de morte em plena juventude.  "Ponte Buarque De Macedo" era o introito de uma de suas poesias, por onde ele transitava todos os dias ou noites no Recife, por sobre o rio Beberibe.

Eu gostava do meu lápis encarnado, no meu tempo de criança, lá pelos quarenta, que era como se chamava o vermelho de hoje.  Era uma caixa  com todas as cores do arco-íris, da marca Johann Faber, que tinha multi-coloridos jogadores de basquete e um cheiro maravilhoso de saudade.  E a cartolina que meu pai comprava pra gente sapecar as cores que a professora ia depois dizer: "Que lindo".  O caderno de desenho, entre uma página e outra, tinha um papel de seda um pouco opaco, porque as garatujas é que eram brilhantes.

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