segunda-feira, 4 de julho de 2016

DEVANEIOS - DE QUATRO APRESENTAÇÕES

Tenho Cara De Antigamente, Quando  Se Procurava Qual Vereda Levava Ao Aprisco Do Bom Pastor
O BOM PASTOR DÁ A SUA VIDA PELAS SUAS OVELHAS
Pluto-Hades Ao Lado De Persefone Sendo Mimoseado Por Orfeu E Sua HARPA


Dizem que o Pluto é filho da Pluta;  isso é mais zoeira.  Plutão ou Pluto é a versão romana do Hades, grego, Deus do Inferno.  No esboço acima, segundo Virgílio, uma visita de Orfeu, Deus da Música, harpejando volúpias em honra de Hades e sua esposa. O Hades Sai poucas vezes à passear na sua carruagem com cavalos negros e detesta se separar de Cérbero, seu cão de três cabeças e caudas de serpes.  Às vezes põe sua máscara que o torna invisível e vê tudo e todos, sem ser visto.  E ai de quem sentar à sua mesa de ágape, jamais dali sairá.  O Tártaro é o paraíso daquelas profundezas.

Se o Pluto tem suas preferências, eu tenho minhas "inticâncias".  Mulher gasguita eu afugento a  chutes, e efeitos especais nas artes, que são malmente uma sonoplastia requintada, nunca me fez gosto.  Ao primeiro sinal, eu deleto a peça.  Prefiro o "feijão com arroz" inteligente com poesia amarronzada, com vibratos de fumaça branca subindo em espiral.  Dê-ma a comida e eu a apanho com meu paladar. Se prestar prum casamento, que seja bom enquanto dure.  Assim eu assisto, ouço, leio, conduzo o pensamento e num descuido ele me engana e rouba as rédeas.

No saltitar do pensar eu pulo da ancoreta para a jarra, vou no caminho útil, da água corrente do centro do rio para a paz fria, escura e solitária daquela bojuda amiga da cozinha de minha mãe.  Penso num xeleléu, aquela figura rabugenta e rastejante, que nasceu pra se grudar em quem lhe cai nas simpatias, com o espírito servil que lhe sustenta.  Leva e traz, fomenta intrigas, infelicita um para dar prazer a outro, é um canalha gestor de inconveniências e mal estar.  Aspiro um clima de tristeza pensando  na vida de um avoante, acompanhando-o do ar até à pirâmide de pessoinhas nuas num balcão da estrada.

Ave da arribação, voando em multidão de asas nas campinas dos brejos, fugindo das securas dos sertões, pousando no chão do agreste para dormir e espantar o cansaço, são apresadas por gigantescas redes, no fim da madrugada sem continuação da procura de um solo pintalgado de lágrimas de se beber.  Nas bodegas pobres das beiras de estradas do Ceará e Rio Grande Do Norte vão estar lá com aqueles ossinhos frágeis e salgados para alimentar pobres viajores e passantes.  Nesse jogo de pensamentos, agora paro pra remoer as verdades da vida que ora doem.


Nenhum comentário:

Postar um comentário