domingo, 17 de julho de 2016

DEVANEIOS - DE QUATRO MOTIVOS

Tenho Cara de Antigamente, Quando Alípio, Artesão Dos Meus Sapatos Marrons e Branco
NOS 40, ME ALEGRAVAM PORQUE ERAM A MODA
É Uma Ave Grandalhona Mas, É Mãe

Ser mãe e ter mãe é o encontro de dois desejos que se completam.  Essa é a teoria.  A mãe afaga o filho e esse se apaga, e nesses trocadilhos a vida se escoa e a cada dia se encolhe a euforia de ambos. O menino vira um  gajo e suas mãos perdem o afeto, ficam pesadas para o exercício da proteção.  O filho vira patrão e a mãe carcomida pela ação do tempo fica pequenina, engelhadinha e dependente daquele que lhe sugou o alimento.  São as veredas do bem viver;  o bom viver encerrou-se no embaraçamento das teias, na pouca luz dos olhos e no tremer dos braços. Filho, adote sua mãe.

Na estupidez do relacionamento humano estão as guerras, mesquinhas aflições que destroem vidas, às vezes as fazendo se contritar em face da velocidade da chegada do fim.  É um pai cansado e ferido chegando da frente da batalha, arrastando um trapo para aquecer a mãe e um filho que lhe ocuparam a mente nos momentos de terror.  Pobre povo palestino açoitado pelos infames terroristas que lhes roubam os bens, abrigados em braços fortes porém, covardes.  O resto do mundo inteiro, zombeteiros e tonitroantes, olhando pro próprio umbigo e longe de ligar seu espírito solidário para quem sofre.

Dói-me ver aliados e desalinhados em volta de um ditador-excremento, há já mais de cinco anos matando e escoiceado seus antigos vassalos mas, compatriotas, na Síria que ouviu o grito doa voz de Deus, inquirindo o Saulo.  Cada aliado abrigando um motivo sórdido para matar, sem objeto sólido no final da luta.  Aquilo lá é uma guerra-zabumba;  cada aloprado pulando que nem uma cabrita como um endiabrado selvícola sem eira nem beira embebedado por alguma droga que lhes estremece o juízo e a caveira.   Turco quer curdo. Russo quer porto.  Americano quer poder.  Persa quer aliado.

Olho acima do ensaio e vejo a enorme ave abraçando dois filhotões porque acha que ainda não têm juízo suficiente para catar comida, para escolher a árvore mais segura para pernoitar, para voar na mata sem esbarrar em sólidos e cair, e para enxergar os malditos homens fura-vidas, sem coração e sem religião.  São animais alados, emitem sons de festa, dão colorido à natureza.  Quisera eu ser um raio diminuto e bem comportado, para dar-lhes calor e luz.  Brincar rodopiando em frente às suas ventas e fugir ante o grito rascante, de mentira, respondendo à brincadeira.

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