quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

DEVANEIOS - DE FULUSTRECA (ECL)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Pirar Era Ficar Demente
SER PIDÃO É PEDIR ATOAMENTE

Desespero (?)

Fulustreca é o Zé Ninguém, é o Severino, é o Zé "poiqueira"
É ser nada, é viver só,  é ser invisível
É passar fome, é viver sedento e a dor vira agonia
É viver sem querer, é nem saber pedir, é ser sem ser

Nunca experimente essa desgraça, nunca se sinta assim
É melhor ser cão sem dono onde um pingo de instinto indica a salvação
Viver na rua é ser trapo pra ser chutado 
É nem ser cristão, é ser inseto, é ser verme, é entulho

Perdeu pai, perdeu mãe, perdeu irmãos, perdeu família
Perdeu à si, perdeu tudo, não sobrou nada
O desgosto secou seu direito de chorar

Peça à Deus o milagre de uma morte 
Se renda à sorte, faça de conta que você não é você
Apague o seu juízo, memória nem existe mais

mzmzmzmmzmmmzmzzmzm

Deus recolherá a sua alma, suja, sem banho e de muito mau odor
Um missionário do Etéreo cuidará de você
Sujeira lavada, estômago alimentado, sede apaziguada
A visão de um sorriso, o sono desejado, roupas limpas

Fim do primeiro dia e uma voz amiga, uma mão segurando a sua
Uma língua entendível é escutada e você descobre que é você
Você chora pela primeira vez, em anos 
Você sente a compaixão de um anjo lhe oferecendo ajuda

A memória vai retornando aos poucos, mas você não quer memória
Pede ao seu anjo que lhe apague o ontem
Quer o agora, conhecendo a esperança

Deus o atende e você se levanta sem firmeza
Cambaleante, se envergonha e diz:  estou fraco
Deus, me socorre;  e desmaia

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