domingo, 7 de fevereiro de 2016

DEVANEIOS - DE RECORDAÇÕES (086)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Escória Era Grupo humano Da Pior Qualidade
BANDOLEIROS, ANARQUISTAS, ASSASSINOS

Aves Solidárias Se Aquecendo

 De seu Armando, português motorneiro de bonde, nas suas folgas no bairro da Torre  onde morávamos.  Corria 1947, e seu Armando com um galo de briga debaixo do braço corria as ruas olhando através das cercas os quintais dos vizinhos.  Que horror;  Como era costume quase a totalidade das casas tinha sua criação de galinhas e naturalmente um galo em cada terreiro.  O sacana do portuga enfiava seu galo de briga entre as faxinas da cerca e ficava de fora  atiçando seu criminoso, torcendo até se mijar, e vendo o galo da terra ser sovado qm da briga dos galos  o que se via era a briga das mulheres donas de casa, já que seus maridos estavam fora trabalhando.  Era uma gritalhada infernal e as mulheres tinham que abrir uma brecha para o infeliz entrar e recolher o vitorioso.  O português sempre saia na melhor;  era que as mulheres não queriam ver seus maridos metidos em brigas que não sabiam como iriam terminar.  Assim foi e assim era até a próxima folga do motorneiro da Tramways.

    E briga de canários?  Outra malvadeza.  Era uma procissão de homens, rapazes e meninos  com gaiolas duplas  separando os machos da fêmeas, e um terceiro gaiolão onde acontecia o MM.  Era uma algazarra, uma torcida arrasadora para ver duas criaturinhas amarelas como gemas, insufladas por suas senhoras  em gaiolas à parte.  Acontecia morte de um dos dois, coisa muito dolorosa, mesmo sem as esporas que os galos tinham.  Os pobres perdedores, abatidos no chão, de papo pra cima e a cabeça já sem controle, sufocados pelos corrimentos nasais, com os pulmões à meia carga dificultando a respiração, e a infernal zoada.  Luta terminada, com uma sentida fêmea quase viúva, dinheiros de apostas sendo trocados entre os participantes de tamanha atrocidade, quando o dono do  perdedor tira o pobre arquejante da arena, semivivo ou semimorto, que importa!  Cabe inteirinho na palma da mão do salafra;  este o aconchega, levanta o braço muito acima da cabeça e o sacode num rompante de ódio na calçada.  A pobre avesita nesta queda se desmancha inteira, com o peito aberto, os intestinos à mostra e o sangue colorindo o branco da baba da sede que antecede a morte.

    As almas desse galo e desse canário certamente voejam para o Céu, pro abraço de Deus.

Nenhum comentário:

Postar um comentário