terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

DEVANEIOS - DE PAZ (190215)

Tenho Cara De Antigamente, Quando No Subir E No Descer, O Melhor É No Meio
A ANGELITUDE DOS RETARDADOS

Florbela

Tenho Cara De Antigamente, Quando Crisálida  Era Casulo
ESPERMACETE ERA E SEMPRE FOI O BRANCO DA VELA
Reclame De Remédio De Antigamente

Pra buscar boa harmonia, nada como quem está no andar de cima descer até o degrau de baixo e fazer diplomacia de igual pra igual, ou quem está no batente de baixo subir ao pódio em cima e fazer diplomacia de igual pra igual também.  Mas se o de baixo não pode subir, ou o de cima não quer descer, acordo não há.  Não digo que haja guerra, mas para configurar o ditado de Chico Buarque, vale o "Cada qual no seu canto e em cada canto a sua dor".

Conto aqui a historinha que a mãe de uma colega me contou, passada nos 40, nos baixios de Uruburetama, no Ceará.  Eram 12 entre os grande e os pixote, mais pai e mãe, 14 enxadas andantes, mais a Mundinha, tão branquinha, mas com umas espinha "carnal" de grandes "carnegão".  Não escapava os olhos verdes que nem o rio Mundau e a maluqueira dela por mando da solidão.  15 almas naquela maloca e nuvens brancas que nem capuchos de algodão correndo num céu azul.  

Mundinha cuidava do fogão de lenha pra fazer o feijão na panela grande, a comida de de noite.  Ajeitava as cinzas dormidas, puxava a lenha grande e salpicava querosene nas cascas grossas de resina subindo um fogo alto e cheiroso e logo se comportando baixo como menino que ouve berro.  

Mundinha vai pra janela onde corre um vento quente e avista um homem bonito que ninguém num vê.  Imagina a roupa de rico que há de para ele fazer;  paletó e chapéu de vaqueiro com rabicho e na botoeira um flor encarnada.  Tá contente, tá marcada.  Pega uma flor amarela da boca da quartinha na janela;  enfia no alto do quengo dos cabelo louro.  Vai pro terreiro, finca os pé no barro duro e espera sua sombra desaparecer debaixo deles marcando meio dia nesse relógio que não falha.  Os galo e os jegue azucrinam numa barulheira dos inferno.  Ela vai namorar com o seu namorado no mormaço daquele castelo.  Ela é a donzela mais feliz naquelas vizinhança.

Os vizinhos chamam ela de a noiva do tempo. Passa a tarde e chega a boca da noite. Com ela chegam também 14 bocas famintas.  Pai, mãe e os filhos grandes e os pixototinhos.  Num aguidar tamanho, feito de barro, cada um encharcava as mão, os pé rachado e passava água na cara.  As calça e as camisa dura de suor não precisa de enxugar.  Todos rezam o Pai Nosso e comem com alegria.  Agora entram e vão dormir.

Mundinha sonha com seu cabo de puliça, com seu buquê de cravo grená e seu véu de filó.

São os noivo mais bonito daqueles derredor.
Ela é a noiva do tempo.


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