terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

DEVANEIOS - DE LEI DA VIDA

Tenho Cara De Antigamente, Quando Boldrin Apareceu
APOLOGIA DO CAMPEIRO

Nascente Entre Galhas

Lembram-se:  Comer, comer.  Comer, comer.    Comer para poder crescer...
Todo magro quer engordar, todo gordo quer emagrecer, para o gordo não tem que fazer, para o magro biscoito Pilar...
Nascer, comer, dejetar, morrer.  Passos básicos vegetais da vida.  Interferências racionais sobre esse ato, sempre existem, mas não alteram o objeto animal.  
Num determinado trecho da vida a fome vira gastura, e fica como prenúncio do fato final, a morte.

No esgotamento, no cansaço da vida a diminuição da energia motora enfoca o desinteresse pelo viver.  O prazer e  a vontade do comer se esmorece, essa ansiedade morre aos poucos e entediam o ato, só no pensar.  Os órgãos vitais se ressentem contra essa economia e um a um vai entrando em óbito compassadamente.  É ai que o nada se mostra o tudo.  Dos alimentos, na seleção natural pra escanteio vão 90% em forma de dejetos e apenas 10% são aproveitados, irracionalmente.  Não há abridor de apetite, como se falava antigamente.  Nem o gole de aguardente consegue isto.

Até a água é escanteada.  Ela que dessedenta, que umedece os sucos do estômago para diluir o sólido da maioria dos alimentos, desencanta o ato de comer.  Petrificadas a massa alimentar provoca cólicas estéreis para o alívio intestinal, além do mau hálito e da sequidão da boca, da língua e dos lábios.  A palidez verdoenga acompanha a missa;  a desgrenhez  capilar, a secura nas madeixas, o desbrilho dos olhos e o lacrimejar pingante e depressivo, a decadência moral, a languidez molenga dos gestos, o franzido da pele que afugentou sua solidez.

Essa pre-falência, caveirice precoce, cara de defunto e jeito de assombração, cheiro de catacumba, cantiga de penitente, frouxidão nas vestes por falta de corpo para enfuná-las são sinais emblemáticos da falta de vigor que o alimento fornece.  Comamos e vivamos, bebamos e tenhamos o lustro que a água dá, o cheiro do bem lavado, o toque no bem palpável, a maciez que é inimiga da lassidão, a beleza de um sorriso frisado por dentes graciosos e bem plantados.  Ouvidos atentos para uma confissão marota:  "me fode, painho"








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