sábado, 19 de março de 2016

DEVANEIOS - DE DENSIDADE DE QUATERNOS--AR

Tenho Cara De Antigamente, Quando Impedimento Era Uma Forma Melhor Que "Impeachement"
O MESMO COM A PALAVRA PRESIDENTE EM LUGAR DE PRESIDENTA

Flor Vermelha Com desbotamento Branco

Vem -me à memória, numa família caiçara de beira-mar, uma menininha sentada no chão de areia fina com as perninhas em roda e pesinhos juntos e no meio a blandícia de um vento curto e manso fazendo corrupio com um montículo de areia em cone.  Ela estática, com as comissuras dos lábios simulando um ensaio de sorriso vendo o ar voltear a torrezinha invertida para lá e para cá.  Essa brisa era a expressão de Deus Natureza brincando a convite de Iasmin na sua pureza infantil sem o menor risco que esse Quaterno possa ameaçar.

Algum tempo depois esse mesmo vento, como se estando a acordar, já solapava os vestidos das mocinhas adultas que por ali passavam, indiscretamente jogando-os nas entre-pernas e coxas.  Os rapazes tinham os rabos das camisas abertas no peito, chicoteando alegremente em suas traseiras.  Os cabelos de todos eram insultados nesse frenesi induzidos pela dança normal daquele clima ribeirinho.  Essa era a densidade do meio, muito própria, um pouco valente mas sem perigo e que poderia ser reclamado se fosse substituído por um outro modus estranho.

Enfim, pai e filho na jangada de quatro paus, com o velame ainda enrolado na vara comprida, o grande cesto bem amarrado, como tudo naquela embarcação e outra vara com um simulacro de pá na extremidade para servir de leme quando em plena água.  Cada qual com um chapéu de palha bem justo no cocuruto mas com abas longuíssimas que lhe escondiam o rosto e até o busto, para fumar, por exemplo.  Saída doe cima dos rolos, entrando sobre as pequenas ondas e indo enfrentar o mar grande.  Os dois, pescador-jangadeiro cada um, movidos pelo vento para ir e pra voltar.

Agora, sintam a densidade e a brutalidade dos ventos que mesmo sendo seus parceiros se comportam como manda o seu dever.   Virada de tempo, ventania impertinente, sol se escondendo, sombra e chuva em avalanche caindo do céu num mau humor inexplicável.  Silêncio não existe, é o silvado das ondas reclamando do empurrar dos ventos.  O leme não funciona.  O escuro e a falta de estrelas desnorteia-os para o retorno.  Estão ao relento e recorrem à prece ao Deus Natureza, nas figuras do Ar e da Água.  Deus os quer ou se condoerá por estarem colhendo o alimento pra família?  

Nenhum comentário:

Postar um comentário