sábado, 21 de novembro de 2015

DDEVANEIOS - DE RETIRANTES

Tenho Cara De Antigamente, Quando Migrantes Eram Retirantes
RETIRANTES ERAM FUGITIVOS DAS SECAS 

Palestinos Roubados Por Israel

Retirantes eram os chamados fugitivos das secas dos sertões do nordeste brasileiro carregando nos braços o nada que era o que tinham de seu:  suas desilusões, suas tristezas, suas dores, suas fomes e sedes, suas incertezas, sem futuro, sem terra, sem casa sem amor, com muita dor, com vergonha de pedir porque sempre tiveram, e agora um lixo incômodo chutado por pés alheios sem dó, com empáfia, aos gritos e misturados aos animais também famintos e magros como a miséria é.  Que pena, meu Deus, das minhas crianças, dos choros que lavavam suas carinhas sebosas.

Os retirantes agora na amplidão dos tempos sã chamados de migrantes e fazem a mesma epopeia em países de línguas toscas com frios enregelantes, com mares bravios que afogam e matam, com as mesmas incertezas dos matutos da Paraiba, com a mesma igualdade que as misérias têm.  São sombras sem voz, sem rosto, sem respeito, são empurrados a correr quando mal podem andar.  Deus do Céu, como se explica os que têm o calor de um lar serem indiferentes ao rugir da fome de outros  que já foram gente!  Não se comoverem ao ver a cara da necessidade.

Pai, dá um ponto final nessas agruras.  De repente uma cobertura com aspecto de segurança, o estômago apascentado sem o chamamento da fome, as bocas não mais secas mas agora molhadas pela água que dessedenta.  O abrigo de uma roupa de dormir e uma palha para deitar e também, o sono para sonhar que está voltando para a antiga casa que sempre o agasalhou.  Pai Santo, acolhe-os, que brinquem nas suas inocências as crianças onde ainda não impregnou-se a maldade calejante dos velhos donos do lugar.  Que as mulheres descansem, que os homens criem forças para as guiar.

Que todos se acordem e vejam o cenário de um paraíso, sem que nunca tenham visto um antes.  Pai, concede-lhes essa loucura mansa de ver o que não é, de sentir o que não há e de se transportarem voando no espaço que é só seu porque foste Tu quem o deu.  Santo Pai, que morram sem sentir dor e sem reconhecer o medo, que antes vejam nela a Tua glória redentora, que riam e Te festejem pela libertação recebida.  Que seja esse seu galardão ao cabo de tanta sofrença.  Paz para o velho, paz para a criança, paz para a mulher e para o homem.  Deus, paz para todos.  

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