Tenho Cara De Antigamente, Quando Viado Era Pederasta
NO CEARÁ ERA BAITOLA
Asklepios-Deus Da Medicina
DIZERES ÍNTIMOS
É tão triste morrer na minha idade!
E vou ver os meus olhos, penitentes
Vestidinhos de roxo, como crentes
Do soturno convento da Saudade!
E logo vou olhar (com que ansiedade!...)
As minhas mãos esguias, languescentes,
De brancos dedos, uns bebês doentes
Que hão de morrer em plena mocidade!
E ser-se novo é ter-se o paraíso,
É ter-se a estrada larga, ao sol, florida
Aonde tudo é luz e graça e riso!
E os meus vinte e três anos... (sou tão nova)
Dizem baixinho a rir: "Que linda a vida!..."
Responde a minha Dor: "Que linda a minha cova"
AS MINHAS ILUSÕES
hora sagrada dum entardecer
De Outono, à beira-mar, cor de safira
Soa no ar uma invisível lira...
O sol é um doente a enlanguescer...
A vaga estende os braços a suster,
Numa dor de revolta cheia de ira,
A doirada cabeça que delira
Num último suspiro a estremecer!
O sol morreu... E veste luto o mar...
E eu vejo a urna de oiro a balouçar,
À flor das ondas , num lençol de espuma.
As minhas ilusões, doce tesoiro,
Também a vi levar em urna de oiro,
No mar da Vida, assim... uma por uma...
Florbela Espanca, Mais Uma Vez
DIZERES ÍNTIMOS
É tão triste morrer na minha idade!
E vou ver os meus olhos, penitentes
Vestidinhos de roxo, como crentes
Do soturno convento da Saudade!
E logo vou olhar (com que ansiedade!...)
As minhas mãos esguias, languescentes,
De brancos dedos, uns bebês doentes
Que hão de morrer em plena mocidade!
E ser-se novo é ter-se o paraíso,
É ter-se a estrada larga, ao sol, florida
Aonde tudo é luz e graça e riso!
E os meus vinte e três anos... (sou tão nova)
Dizem baixinho a rir: "Que linda a vida!..."
Responde a minha Dor: "Que linda a minha cova"
AS MINHAS ILUSÕES
hora sagrada dum entardecer
De Outono, à beira-mar, cor de safira
Soa no ar uma invisível lira...
O sol é um doente a enlanguescer...
A vaga estende os braços a suster,
Numa dor de revolta cheia de ira,
A doirada cabeça que delira
Num último suspiro a estremecer!
O sol morreu... E veste luto o mar...
E eu vejo a urna de oiro a balouçar,
À flor das ondas , num lençol de espuma.
As minhas ilusões, doce tesoiro,
Também a vi levar em urna de oiro,
No mar da Vida, assim... uma por uma...
Florbela Espanca, Mais Uma Vez
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