quinta-feira, 26 de novembro de 2015

DEVANEIOS - DE LIVRO DE MÁGOAS (6)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Viado Era Pederasta
NO CEARÁ ERA BAITOLA

Asklepios-Deus Da Medicina

DIZERES ÍNTIMOS

É tão triste morrer na minha idade!
E vou ver os meus olhos, penitentes
Vestidinhos de roxo, como crentes
Do soturno convento da Saudade!

E logo vou olhar (com que ansiedade!...)
As minhas mãos esguias, languescentes,
De brancos dedos, uns bebês doentes
Que hão de morrer em plena mocidade!

E ser-se novo é ter-se o paraíso,
É ter-se a estrada larga, ao sol, florida
Aonde tudo é luz e graça e riso!

E os meus vinte e três anos...  (sou tão nova)
Dizem baixinho a rir:  "Que linda a vida!..."
Responde a minha Dor:  "Que linda a minha cova"

AS MINHAS ILUSÕES

hora sagrada dum entardecer
De Outono, à beira-mar, cor de safira
Soa no ar uma invisível  lira...
O sol é um doente a enlanguescer...

A vaga estende os braços a suster,
Numa dor de revolta cheia de ira,
A doirada cabeça que delira
Num último suspiro a estremecer!

O sol morreu...  E veste luto o mar...
E eu vejo a urna de oiro a balouçar,
À flor das ondas , num lençol de espuma.

As minhas ilusões, doce tesoiro,
Também a vi levar em urna de oiro,
No mar da Vida, assim...  uma por uma...

Florbela Espanca, Mais Uma Vez

















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