quarta-feira, 11 de novembro de 2015

DEVANEIOS - DE FLORBELA ESPANCA (4)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Brincar De Estar Na Berlinda Era O Máximo
ERA COMO SER IMPORTANTE, SENDO PEQUENO

Rouxinol Na Escola

AMAR!

Eu quero amar, amar perdidamente!
Amar só por amar:  Aqui... além...
Mais Este e Aquele,o Outro e toda a gente...
Amar!  Amar!  E não amar ninguém!

Recordar?  Esquecer?  Indiferente!...
Prender ou desprender?  É mal?  É bem?
Quem disser que se pode amar alguém
Durante a vida inteira é porque mente!

Há uma primavera em cada vida:
É preciso cantá-la assim florida,
Pois se Deus nos deu voz, foi pra cantar!

E se um dia hei de ser pó, cinza e nada
Que seja a minha noite uma alvorada.
Que me saiba perder... pra me encontrar...

Florbela Espanca in "Charneca em Flor"

Mais uma vez, Florbela nos esplende misturando razão com sentimento, despeito com macriação, sem perder o ritmo nem a rima no fulgor do seu poetar.  Seu lado pequeno mas humano não mancha o vigor nem o lampejo do vate empedernido.  Não tentem imitá-la, é improdutivo.  Ela precisa do sofrer, para criar.  Ela carrega dentro das roupas qualquer espinho.

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