Tenho Cara De Antigamente, Quando Passarinho Que Come Pedra Sabe O Fiofó Que Tem
QUE PECADO MATA: O DE SONHO OU O AO VIVO!
Protesto Palestino
Outro domingo, tarde dengosa, pouco barulho, paisagem mortiça, convite ao avesso. Depois de ter descido a rua do Amparo na cidade velha de Olinda, no páteo abaixo da Igreja numa descida, o Bom Sucesso. Logo adiante num aclive suave ficando as casas acima, bem arredadas, e então o Circo. Que pobreza, era chamado de "tomara que não chova". Lonas furadas e os poleiros com tábuas escorregadias e brilhantes pelo uso, nem pregadas, apenas encostadas umas nas outras. Ao ar livre um bacião com água, um menino nu ao banho e a mãe, estrela mais tarde, o esfregando.
Era um cheiro de tristeza e a impulsão de estar começando o meu quinhão de pecado. Era uma família inteira, pai, mãe, filhos, filhotes e etc... Todos enfatiotados com roupas coloridas, lustrosas, no capricho, caras pintadas e com nariz de palhaço. Era o esforço brasileiro unido para a luta pela sobrevivência. Aquela mulher desgraciosa acocorada e com as saias jogadas no meio das pernas estava agora radiosa, com culote e calção apertadíssimos e mais um saiote mínimo, sobre. Ela, no alto, mordendo valentemente o cabo de uma sobrinha rodopiante, artista fulgurante.
O espetáculo começara, um dos parentes com uma corneta enfezada, o menino do banho com cartola no seu tamanho minguinho puxando um gato do mato silvestre maior do que os comuns e a assistência apavorada, em pé nos poleiros, no auge do desespero. Eu, tristezinho e amedrontado, com minha calça curta sem cuecas, com meus ovinhos presos por das tábuas. Eu gritava e ninguém ouvia: Sentem, sentem, o leão é manso. Me deu um desfalecimento, um comichão e eu desabei do pau mais alto indo até o chão macio e mal-cheiroso, castigo de Papai-do-Céu.
Mais uma vergonha, um pavor de ir para o inferno, com minha "dormingueira" branca, agora amarelenta, voltando, correndo para a casa onde me homiziava. A dona, "membra" da minha Igreja, enrolou-me numa toalha, puxou-me as calças e meteu-a no sabão, depois no ferro de engomar, soprando-lhe no fundo com a lhe castigar. Branca não ficou, mas digamos que amarela "fraca", apertando minhas economias, chamando minha atenção e me passando carão. Votes, minha gente, prometi nos meus ouvidos, me comportar como crente, até o próximo domingo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário