quarta-feira, 25 de novembro de 2015

DEVANEIOS - DE LIVRO DE MÁGOAS (5)

Tenho Cara De Antigamente, Quando  Inserido Era Inxerido
TAMBÉM PODERIA SER METIDO

Apolo E Dafne

TORRE E NÉVOA

Subi ao alto, à minha Torre esguia,
Feita de fumo, névoas e luar
E pus-me, comovida, a conversar
Com os poetas mortos, todo o dia

Contei-lhes os meus sonhos, a  alegria
Dos versos que são meus, do meu sonhar,
E todos os poetas, a chorar,
Responderam-me então:  "Que fantasia,

Criança doida e crente!  Nós também
Tivemos ilusões, como ninguém,
E tudo nos fugiu, tudo morreu!..."

Calaram-se os poetas, tristemente...
E é desde então que choro amargamente
Na minha Torre esguia junto ao céu!...

A MINHA DOR

A minha Dor é um convento ideal
Cheio de claustros, sombras, arcarias,
Aonde a pedra em convulsões sombrias
Tem linhas de um requinte escultural

Os sinos têm dobres de agonias
Ao gemer, comovidos, o seu mal...
E todos têm sons de funeral
Ao bater horas no correr dos dias...

A minha Dor, é um convento.  Há lírios
De um roxo macerado de martírios
Tão belos como nunca os viu alguém!

Nesse triste convento aonde eu moro,
Noites e dias rezo e grito e choro,
E ninguém ouve...  ninguém vê....  ninguém

Florbela Espanca Com Versos Sofridos E Chorosos













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