quarta-feira, 11 de novembro de 2015

DEVANEIOS - DE FLORBELA ESPANCA (3)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Os Penhascos Brancos De Dover Eram O Berço Dos Albions
QUANDO A CRÔNICA É A CONTAÇÃO DO TEMPO

A Plástica De Um Homem Num Túnel De Água

Perdi Os Meus Fantásticos Castelos

Perdi os meus fantásticos castelos
Como a névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!

Perdi minha galera entre os gelos
Que se afundaram sob um mar de bruma...
--Tantos escolhos!  Quem podia vê-los--
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!

Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...

Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...

Mais uma batalha perdida, ela era uma perdedora.  Dessa vez enfatiotada com todos os aparatos de um cavaleiro medieval, antes lutando no mar e em seguida já em terra, perdendo também o corcel.  Pobre Florbela, lutadora ela era, mas o perder era o seu forte.  A Psiché nunca prendeu seu Eros.












Perdi os Meus Fantásticos Castelos

Perdi meus fantásticos castelos
Como névoa distante que se esfuma...
Quis vencer, quis lutar, quis defendê-los:
Quebrei as minhas lanças uma a uma!

Perdi minhas galeras entre os gelos
Que se afundaram sobre um mar de bruma...
- Tantos escolhos! Quem podia vê-los? –
Deitei-me ao mar e não salvei nenhuma!

Perdi a minha taça, o meu anel,
A minha cota de aço, o meu corcel,
Perdi meu elmo de ouro e pedrarias...

Sobem-me aos lábios súplicas estranhas...
Sobre o meu coração pesam montanhas...
Olho assombrada as minhas mãos vazias...

Florbela Espanca, in "A Mensageira das Violetas" 


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