Tenho Cara De Antigamente, Quando Implicar Era Inticar
E FRANJA ERA PASTINHA
Apolo
TORTURA
Tirar dentro do peito a Emoção
A lúcida Verdade, o Sentimento!
--E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza, esparso ao vento!...
Sonhar um verso de alto pensamento
E puro como um ritmo de oração
--E ser, depois de vir do coração
o pó, o nada, o sonho num momento!...
São assim, ocos, rudes, os meus versos
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!!
LÁGRIMAS OCULTAS
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi em outras esferas,
Parece-me que foi em uma outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja e marfim...
E as lágrimas que eu choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as Vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca Em Dois Sonetos Com Rimas E Choros De Oração
TORTURA
Tirar dentro do peito a Emoção
A lúcida Verdade, o Sentimento!
--E ser, depois de vir do coração,
Um punhado de cinza, esparso ao vento!...
Sonhar um verso de alto pensamento
E puro como um ritmo de oração
--E ser, depois de vir do coração
o pó, o nada, o sonho num momento!...
São assim, ocos, rudes, os meus versos
Rimas perdidas, vendavais dispersos,
Com que eu iludo os outros, com que minto!
Quem me dera encontrar o verso puro,
O verso altivo e forte, estranho e duro
Que dissesse, a chorar, isto que sinto!!!
LÁGRIMAS OCULTAS
Se me ponho a cismar em outras eras
Em que ri e cantei, em que era querida,
Parece-me que foi em outras esferas,
Parece-me que foi em uma outra vida...
E a minha triste boca dolorida,
Que dantes tinha o rir das primaveras,
Esbate as linhas graves e severas
E cai num abandono de esquecida!
E fico, pensativa, olhando o vago...
Toma a brandura plácida dum lago
O meu rosto de monja e marfim...
E as lágrimas que eu choro, branca e calma,
Ninguém as vê brotar dentro da alma!
Ninguém as Vê cair dentro de mim!
Florbela Espanca Em Dois Sonetos Com Rimas E Choros De Oração
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