Tenho Cara De Antigamente, Quando Matuto, Lambedor e "Munacha" Existiam
MATUTO, LAMBEDOR, "MUNACHA", TABERNA, VENDEIRO, SAUDADES
Vez Em Quando Morrem Judeus
MATUTO, LAMBEDOR, "MUNACHA", TABERNA, VENDEIRO, SAUDADES
Vez Em Quando Morrem Judeus
Estou falando de saudades. De um pintassilgo golado com o biquinho arrebitado e a cabecinha virada pro céu, gogó tremelente, cantando como se tivesse dando graças à Deus. Gaiolas por todos os lados da casa com todos os tipos de pássaros cantantes que se imagine. O matuto que cuidava dele era o Cesário e eu não sei o que amor tem que ver com prisão perpétua e o impedimento de voar. Será que o canto é o pagamento pala alpiste de cada dia, ou será a confirmação da submissão! Lamento ter recebido de presente aquele passarito e o ter levado para a cidade grande.
Do lambedor me vem a imagem de minha tia Elima, mulher do Cesário e mãe do Cleanto. A qualquer ameaça de dor de garganta o xarope grosso papável à língua e de uma doçura inebriante. Pela manhã e pela noite "munacha" grande, branca e quebradiça que se desmanchava no café tirado do bule de dentro de um abafador. Sentávamos á uma mesa grandona com uma tábua inteiriça nas duas laterais à ela, pregadas. Passávamos as pernas por cima e era uma festa, uma algazarra. A minha vó Mãenascinha era a matriarca com 96 anos de idade.
Me dizia, vá na taberna, me traga um "fosco" e uma vela; e lá eu ia ao encontro do vendeiro, meu tio Dalmácio, o ômega da família com seu braço quebrado e desengonçado e trazia para Dala, Maia da Luz sua filha e minha prima, professora na Escola Municipal de Guarabira, na Paraìba, vizinha de Cabaceiras e Alagoa Grande. A tia Amália, nossa querida Mala, branca, branca, com nariz grande, do tamanho da sua bondade, era enfermeira do Posto Médico, conhecida de toda a cidade. Minha mãe Edeltrudes, a D. Tude, de nome tirado da folhinha do cromo do ano.
Meu tio Cleodon, o alfa, vendeu suas terras e se urbanizou. Era auto-didata, dono de Cartório e da única livraria e tipografia da cidade. Seu filho William foi ser marinheiro; Sua filha Atenê largou dois anos de curso de medicina por um sub-oficial da marinha americana, durante a guerra. E Tetis sua sucessora no Cartório. Hoje não resta nenhum desses paraibanos para serem visitados. É assim a vida de nós todos; histórias de contar, saudades de chorar e uma capa grossa de livro pra fechar. Dai pra frente só Deus conta e Deus é Mistério. Nunca saberemos mesmo, por antecedência, nada.
Do lambedor me vem a imagem de minha tia Elima, mulher do Cesário e mãe do Cleanto. A qualquer ameaça de dor de garganta o xarope grosso papável à língua e de uma doçura inebriante. Pela manhã e pela noite "munacha" grande, branca e quebradiça que se desmanchava no café tirado do bule de dentro de um abafador. Sentávamos á uma mesa grandona com uma tábua inteiriça nas duas laterais à ela, pregadas. Passávamos as pernas por cima e era uma festa, uma algazarra. A minha vó Mãenascinha era a matriarca com 96 anos de idade.
Me dizia, vá na taberna, me traga um "fosco" e uma vela; e lá eu ia ao encontro do vendeiro, meu tio Dalmácio, o ômega da família com seu braço quebrado e desengonçado e trazia para Dala, Maia da Luz sua filha e minha prima, professora na Escola Municipal de Guarabira, na Paraìba, vizinha de Cabaceiras e Alagoa Grande. A tia Amália, nossa querida Mala, branca, branca, com nariz grande, do tamanho da sua bondade, era enfermeira do Posto Médico, conhecida de toda a cidade. Minha mãe Edeltrudes, a D. Tude, de nome tirado da folhinha do cromo do ano.
Meu tio Cleodon, o alfa, vendeu suas terras e se urbanizou. Era auto-didata, dono de Cartório e da única livraria e tipografia da cidade. Seu filho William foi ser marinheiro; Sua filha Atenê largou dois anos de curso de medicina por um sub-oficial da marinha americana, durante a guerra. E Tetis sua sucessora no Cartório. Hoje não resta nenhum desses paraibanos para serem visitados. É assim a vida de nós todos; histórias de contar, saudades de chorar e uma capa grossa de livro pra fechar. Dai pra frente só Deus conta e Deus é Mistério. Nunca saberemos mesmo, por antecedência, nada.
Nenhum comentário:
Postar um comentário