sexta-feira, 13 de novembro de 2015

DEVANEIOS - DE FLORBELA ESPANCA (7)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Bílgaros Eram Magiares
AGORA, SEM RESPEITO, PELO TRATAMENTO AOS MIGRANTES

Passarito

QUEM

Não sei quem és.  Já não te vejo bem...
E ouço-me dizer (ai, tanta vez)...
Sonho que um outro sonho me desfez?
Fantasma do que amor?  Sombra de quem?

Névoa?  Quimera?  Fumo?  Donde vem?
--Não sei se tu, amor, assim me vês!...
Nossos olhos não são nossos, talvez...
Assim, tu não és tu!  Não és ninguém!..

És tudo e não és nada...  És a desgraça...
És quem nem sequer vejo;  É um que passa...
És sorriso de Deus que não mereço...

És aquele que vive e que morreu...
És aquele que é quase um outro eu...
És aquele que nem sequer conheço...

Florbela Espanca in "A Mensageira Das Violetas"

Nessa Peça, ao contrário, ela desmerece o outro com todo o seu desdém.


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