quarta-feira, 4 de novembro de 2015

DEVANEIOS - DE MOHAMED E ABBAS

Tenho Cara De Antigamente, Quando Trabuco Era Fogo Quente
A MORTE DE UM AMIGO DOI TANTO QIUANTO A DE UM IRMÃO

Palestinos-Protestos

Mohamed:  Eu sou um homem manso, ele era justo.  Ele recebia palmatória com pregos, tremendas surras, andava de joelhos, urrava de dor e os algozes esperavam o emputrecimento dos pés para a amputação das pernas.  Jogávamos pedras,  nossas armas, símbolos da nossa insurreição contra o alvitre.  Pedra é melhor que bala e dói menos.  Sabíamos, vinte anos para envelhecer.  Era 210715.  Judeus, devolvam oque é nosso, saiam do nosso caminho, deixem um povo pobre ser feliz.  Nossas famílias somavam dez,  cada uma.

Após nossa prisão, soldados partiram para demolir duas casas.  Dezoito pessoas ao relento e as crianças se aqueciam no calor de suas mães.  Estávamos no fórum, recebemos a notícia, Abbas morrera.  Pelo rosto do Mohamed veio descendo um pranto que, ainda creio, tanto e tão santo, nem Jesus chorou.  Ele despencou, baixou, ajoelhou-se.  O guarda que o guardava, chorava e de cabeça baixa deixou que ele pegasse a arma presa à  sua perna e que a disparasse contra a fronte.  Os bons nascem em qualquer berço que se disponha.   O soldado sionista foi desarmado e preso.

Assim é a vida de cara feia.  Assim é distribuído no mundo os maus e os bons.  Os fados entram em fuga pulando do  feixe de possibilidades,  se encarapitando sobre a miséria dos miseráveis e criando um clima de paixão desconsertante, de emoções  de alta resolução e de comoções que saltitam entre opostos expondo a sacralidade da bondade e do amor.  Duas almas migrantes e um soldado do exército do mal sendo promovido à maior-geral pelas Graças do Criador.  Quem dera, ganância zero e calor humano leve com cara de branda brisa envolvendo anjos encarnados.

Eu tive um sonho e vi velhos esfuziantes e crianças simulando decadentes e manquejantes idosos, e todos riam e zoavam numa alegria de festa de São João.  Tudo colorido, com ventos bem soprados, com sanfonas arquejantes e espírito do Gonzagão bem presente.  Uma bacia com ponche, a canjica amarela e concisa no seu milho com a forma do prato.  A pamonha envelopada na palha da própria espiga e o fogo da fogueira brilhando na caraça de todo o mundo.  O Palestino passeando em Telavive e a linda judiazinha em Gaza comprando roupa num brechó. Como é bom sonhar.





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