Tenho Cara De Antigamente, Quando Trabuco Era Fogo Quente
A MORTE DE UM AMIGO DOI TANTO QIUANTO A DE UM IRMÃO
Palestinos-Protestos
Palestinos-Protestos
Mohamed: Eu sou um homem manso, ele era justo. Ele recebia palmatória com pregos, tremendas surras, andava de joelhos, urrava de dor e os algozes esperavam o emputrecimento dos pés para a amputação das pernas. Jogávamos pedras, nossas armas, símbolos da nossa insurreição contra o alvitre. Pedra é melhor que bala e dói menos. Sabíamos, vinte anos para envelhecer. Era 210715. Judeus, devolvam oque é nosso, saiam do nosso caminho, deixem um povo pobre ser feliz. Nossas famílias somavam dez, cada uma.
Após nossa prisão, soldados partiram para demolir duas casas. Dezoito pessoas ao relento e as crianças se aqueciam no calor de suas mães. Estávamos no fórum, recebemos a notícia, Abbas morrera. Pelo rosto do Mohamed veio descendo um pranto que, ainda creio, tanto e tão santo, nem Jesus chorou. Ele despencou, baixou, ajoelhou-se. O guarda que o guardava, chorava e de cabeça baixa deixou que ele pegasse a arma presa à sua perna e que a disparasse contra a fronte. Os bons nascem em qualquer berço que se disponha. O soldado sionista foi desarmado e preso.
Assim é a vida de cara feia. Assim é distribuído no mundo os maus e os bons. Os fados entram em fuga pulando do feixe de possibilidades, se encarapitando sobre a miséria dos miseráveis e criando um clima de paixão desconsertante, de emoções de alta resolução e de comoções que saltitam entre opostos expondo a sacralidade da bondade e do amor. Duas almas migrantes e um soldado do exército do mal sendo promovido à maior-geral pelas Graças do Criador. Quem dera, ganância zero e calor humano leve com cara de branda brisa envolvendo anjos encarnados.
Eu tive um sonho e vi velhos esfuziantes e crianças simulando decadentes e manquejantes idosos, e todos riam e zoavam numa alegria de festa de São João. Tudo colorido, com ventos bem soprados, com sanfonas arquejantes e espírito do Gonzagão bem presente. Uma bacia com ponche, a canjica amarela e concisa no seu milho com a forma do prato. A pamonha envelopada na palha da própria espiga e o fogo da fogueira brilhando na caraça de todo o mundo. O Palestino passeando em Telavive e a linda judiazinha em Gaza comprando roupa num brechó. Como é bom sonhar.
Após nossa prisão, soldados partiram para demolir duas casas. Dezoito pessoas ao relento e as crianças se aqueciam no calor de suas mães. Estávamos no fórum, recebemos a notícia, Abbas morrera. Pelo rosto do Mohamed veio descendo um pranto que, ainda creio, tanto e tão santo, nem Jesus chorou. Ele despencou, baixou, ajoelhou-se. O guarda que o guardava, chorava e de cabeça baixa deixou que ele pegasse a arma presa à sua perna e que a disparasse contra a fronte. Os bons nascem em qualquer berço que se disponha. O soldado sionista foi desarmado e preso.
Assim é a vida de cara feia. Assim é distribuído no mundo os maus e os bons. Os fados entram em fuga pulando do feixe de possibilidades, se encarapitando sobre a miséria dos miseráveis e criando um clima de paixão desconsertante, de emoções de alta resolução e de comoções que saltitam entre opostos expondo a sacralidade da bondade e do amor. Duas almas migrantes e um soldado do exército do mal sendo promovido à maior-geral pelas Graças do Criador. Quem dera, ganância zero e calor humano leve com cara de branda brisa envolvendo anjos encarnados.
Eu tive um sonho e vi velhos esfuziantes e crianças simulando decadentes e manquejantes idosos, e todos riam e zoavam numa alegria de festa de São João. Tudo colorido, com ventos bem soprados, com sanfonas arquejantes e espírito do Gonzagão bem presente. Uma bacia com ponche, a canjica amarela e concisa no seu milho com a forma do prato. A pamonha envelopada na palha da própria espiga e o fogo da fogueira brilhando na caraça de todo o mundo. O Palestino passeando em Telavive e a linda judiazinha em Gaza comprando roupa num brechó. Como é bom sonhar.
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