domingo, 1 de maio de 2016

DEVANEIOS - DE BANILO E DE BANILA (010514)

Tenho Cara De Antigamente, Quando Me Lembrava De Contos De Criança
E AI VAI UM DESSES CONTOS

Lindo Pássaro Multi-Colorido De Quem Eu Não Sei O Nome

quinta-feira, 1 de maio de 2014


DEVANEIOS - DE BANILO E DE BANILA

TENHO CARA DE ANTIGAMENTE, SOU DO TEMPO EM QUE MULHER MENSTRUADA ESTAVA NAQUELES DIAS
1943-Recife-Pe-~Élvio-Marlu e Mirtô-8-10-11 anos
Venha cá c a cá.  Não vou v o vou.  Votes, cê tá me ouriçando, seu menino? Tô não senhó re-a-ra.  Parece que é bes te a tá.  Apoi fum fê u fum.
E era assim nessa arenga que eu e minha irmã se desentendia.   Nós não se gostava, mas nós se queria.
 Ela puxava meu cabelo e eu beliscava sua barriga, ela foi ficando moça e eu continuava menino.  Que chatice;  eu me espichava, e nada;  ela se empinava lá em cima e lá atrás também, e eu falava ora engrolado e depois afinava e isso me dava uma raiva medonha.  Ela mangava ni mim e eu chutava a canela dela.  Ela deu pra cantá, desafinava e tava metida a dondoca;  já queria andá de misampli, esperimentava um bolero e saia se rebolando em cima duns cambito fino; arre.  A gente dormia num quarto só; como a gente só vivia de mal, de cortar de a vera o  maior-de-todos em cima do fura-bolo, tinha por lei que deitar e dormir de costa um pro outro, e assim era.  Mas eu gostava dela, com raiva mas gostava, e de noite me esquecia que era homem e chorava, bem devagarinho prela não ver.  E todo o dia era a mesma coisa;  ela puxava meu cabelo e eu dava beliscão na bunda dela.

Um dia eu adoeci, fiquei amarelo e disseram que eu ia morrer;  a requenguela desabou e duas lágrimas escorreram na cara dela.  Eu na rede e com um olho só, espiava a coisa ruim, sem acreditar.  Lá vinha ela com uma rodela de queijo do sertão e empurrava na minha boca, com uma doçura que quase me arrancava um dente.  Ai, desgraçada, tu não tem pena de um penitente que tá na hora de ir para a Casa de Deus?  Não?  Monstra desnaturada. Vocês sabe o que ela disse?  Eu sabia, ela num gostava de mim, e olha só!  --tu é um bebé chorão, escarradeira de hospital, quizila de todas as quizila,
oi mamãe olha o lube, oi mamãe olha ele, com a roupa dos outro dizendo que é dele--

A malvada me afrontou na hora da minha morte;  vou me vingar, não falo mais com ela;  sirigaita;  e fechei os olhos pra não ver a hora chegar;  me deu uma fraqueza, um desmorecimento, eu já chorava de saudade dela, da desgraçada.  Fui abrindo os olhos de pouquinho e de repente, que susti;  os dois olhos dela estavam dentro dos meu;  dei um grito, dei um pulo, ela puxou meu cabelo e eu belisquei as náguina dela;  fizemo as pazes e não morri mais.

Cada um tem o irmão que merece, emagreci, espichei, falava grosso e ela nunca mais pegou na minha carapinha;  ela ficou uma moçona, pontuda na frente e atrás, virou namoradeira e nunca mais ficamo de mal.  Ela queria gritar pra mim, e eu na hora dizia:  olha o respeito.  Ela entendia e não queria que eu morresse novamente;  saia, cabeça baixa e voltava com um queijo do sertão, duas rodela, e botava na minha boca, debaixo do meu bigode, e me deu vontade de levar ela pro Céu.



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