Tenho Cara De Antigamente, Quando Grude Não Era Apenas Uma Comida De Araque
MAS UM PREGA, PREGA, TAMBÉM
Doce Grude De Mãe
O grande grude nasce quando se encontra uma coisa tão prazerosa que não mais se quer alguém, desgrudar dela. O grude de mãe com o primeiro filho, o primeiro namorado, o caderno novo cheirando a tinta, da escola, a roupa nova na estreia do primeiro uso. São tantas as fontes do primeiro grude que mais parece ser esse prazer, aparecido pela inauguração de qualquer traquinagem. Esgotado o mistério da primeira vez, a segunda já vem sem o respeito merecido. Descoberto, espiado, apalpado, cheirado, ouvido e lambido a primeira coisa está na véspera de virar defunto.
Podes crer, o cabaço eletriza a experiência, apimenta os sentidos, o cheiro arde nas narinas e às vezes essa falsa fome estraga o que seria um mastigar manso com deguste apreciativo, e ai emoção perdida e nunca recuperada, para justificar o ditado popular do "quem muito quer, nada tem". Para que o grude dure há de haver economia. Um pouquinho de cada vez. Deixe o terno elástico se prolongar sem que haja rutura. Domine a pressa que é inimiga da qualidade. O grude grande tem seus pudores e quer dividir os prazeres dos seus sugadores para equilibrar os pratos da balança.
Que fazer? Bate uma tristeza, uma saudade, um desânimo, parece que está tudo se destrambelhando! Esqueceu, o mistério da primeira vez! Um banho, talvez, bem tomado, no capricho, o cheiro leve do saponáceo, ai, menino. Vai, vai que vai, devagar com a divagação, não imprima força que pode agredir o que seja um ato de amor; fareje como faz um cachorrinho, dê duas lambidas nos beiços, sinta comichões nas orelhas, deixe as mãos firmes, calorosas, tatearem ternamente a pele e os pelos que não resistem, os que contornam como guardiões malandros estágios que querem contato.
Amansada o que era apenas invencionice, cada vez será sempre a primeira vez. Podes crer. Expulse a pressa, do seu habitat, aconcheguem-se encaixando o concavo com o convexo, como quem está querendo passar de um lugar para o outro levando os corpos fluidicamente como se não encontrasse empecilhos, numa mágica poderosa dos desejos. Assim sendo o primeiro será primeiro; o segundo e o terceiro, primeiro também; para todo do sempre; no entanto, não esqueça que a marca do sabonete tem que ser da Gessi-Lever. Seja você, seja a moça, ambos também, têm que ser Gessy-Lever.
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