domingo, 19 de janeiro de 2014

DEVANEIOS - DE "FELICIDADE" - LUPISCÍNIO

Quem Quer Vai, Quem Não Quer, Manda
Tenho cara de antigamente, sou do tempo em que propaganda era reclame
Propaganda dos 40 com produto vivo inda hoje.  "Todo magro quer engordar, todo gordo quer emagrecer, para o gordo não tem que fazer, para o magro Biscoito Pilar".  

Felicidade foi-se embora
E a saudade no meu peito, inda mora
E é por isso que eu gosto lá de fora 
Porque sei que a falsidade não vigora

A minha casa fica lá de traz do mundo
Onde eu vou em um segundo quando começo a cantar
O pensamento parece uma coisa à toa
Mas como é que a gente voa quando começa a pensar

Estão ai só duas estrofes, as mais marcantes, dessa balada ritimada.  Lupiscínio Rodrigues, gaucho, negro, cabo maqueiro do exército e depois motorista de ambulância, com verve, cio e estro cria essa poesia entre muitas e muitas outras.  Isto é dom de Deus e não só privilegia brancos de classe alta com currículo de bacharel;  é distribuido a mancheias pelo Divino, pelo valor da alma e da sensibilidade que cada uma tenha.  Como em oito estrofes acumular tanta beleza e verdades que poucos vêem?  Felicidade, saudade, movimento, alegria e tristeza cambiantes, descobertas de sentimentos absolutamente abstratos que personalizam os pensamentos e que uma filosofia expontânea percebe que isso embala a vida;  a de quem toma coca-cola como a de quem carrega um semi-morto na maca, e também a de quem dirige um carro de pronto-socorro pra buscar ou já levando um desacordado em busca de viver.  Viva Lupiscínio, onde estiver, um poeta que por não ser bonito, dizia que a cada decepção amorosa a curava com pensos sentimentais de auto-pena.





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