domingo, 26 de janeiro de 2014
DEVANEIOS - DE O VILIPÊNDIO DO OUTONO"- 028
Sábado, 13 de julho
de 2013
O VILIPÊNDIO DO
OUTONO
Fenômeno comuníssimo
na natureza, para tudo e para todos, mas insuportável para o da hora.
Principalmente para os que em algum momento sentiram o cheiro da fama.
Não aceitam o desabar do ocaso, os primeiros sinais senis, e em algum
momento mergulham de cabeça numa “deprée” mortífera. Vou desfilar aqui
abaixo uma relação alentada das décadas de sessenta a oitenta de fulgurantes
figuras da Jovem Guarda que marcaram e pontuaram de saudades nossas
vidas, a sua que me lê e a minha própria. Vocês verão o debacle,
mais ou menos com dignidade, que afetou a cada um.
A não aceitação da
marcação do perfil que o tempo impõe, tanto em homens como em mulheres, os
levam, não todos, à mutilação do patrimônio que não podem esconder, numa
situação de ridículo repulsiva e sem possibilidade de recuo. A morte
profissional decretada por esse formidável e poderoso instrumento que é a
Televisão, que muda, para o bem ou para o mal, os costumes da sociedade. Que
nos dá e nos tira, como Deus, o prazer de conviver com estros de singular
valor, mas sem nos consultar. Ficamos órfãos, e muitas vezes só registramos
isso a longo prazo. Vejamos.
O Rei, Roberto
Carlos cuja voz não envelheceu mas não é mais capaz de renovar repertório.
Se a dupla RC e EC fizaram monumentos de arte em parceria, se ambos
coexistem, porque não conseguem mais compor? Morreu a fonte?
desapetitaram-se os dois? O Roberto independe de TV, mas mesmo
assim tem contrato vitalício com a rainha das TVs, que lhe poda o querer.
O prazer que nos dá ouvir esse repertório tão antigo como portentoso,
dá-nos medo de assistir o féretro dos mesmos, criatura e criador.
Quantos recolhidos:
Alceu Valença, Jair Rodrigues, Wilson Simonal ,Belchior, Peninha, Luiz Ayrão,
Ney Matogrosso, Benito de Paula, Sula Miranda, Paulo Sérgio, Wanderlea,
Gilberto Gil, Chico Buarque, Caetano Veloso, Aguinaldo Timóteo, Aguinaldo
Rayol, Miltinho, Elsa Soares, Ângela Rorô, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Amelinha,
Sérgio Reis, Martinha, Vanusa, Luiz Gonzaga, Ronnie Von, Golden Boys, Márcio
Greik, Roberta Miranda, Jerri Adriano, Antônio Marcos, Reginaldo Rossi, Perla,
Nilton Cesar, Wanderley Cardoso, Jane e Herondi, MOACIR FRANCO,
Uns mortos, outros amortecidos,
alguns, como lobisomens, em programas como o do Ratinho expondo sua decadência
sem um mínimo de bom senso, abanando sempre um último CD que não tem a menor
chance de sucesso. Dá dó. Como, se eu pudesse, eu daria cor e vida a esse
cortejo de semi-moribundos de quem a TV puxou o tapete. Que saudade, que
comoção me invade a memória, de ver como esses antigos vultos são iguais a nós,
que envelhecem e fenecem e eu lhes daria paz e consolo, e a condição de viver
do passado, como nós.
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